tag:blogger.com,1999:blog-28047268691921891312023-11-15T10:25:46.249-03:00ClimaGaia - Ciências do Clima da TerraAqui você obtém informações claras e atualizadas sobre os efeitos da ação do homem sobre o clima, estratégias de adaptação frente às mudanças do clima e reflexões sobre os mais recentes achados científicos. As fontes incluem algumas das melhores revistas científicas do mundo, como Science e Nature, e um dos mais conceituados sites sobre mudanças climáticas, o blog RealClimate.ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.comBlogger65125tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-40241544455540539722010-01-24T10:25:00.002-03:002010-01-24T10:32:54.574-03:00Agora no TwitterClimagaia está com novo nome no twitter, http://twitter.com/Biogeosciences<br /><br />Ivan BergierClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-84558371440617998282007-12-05T08:00:00.000-03:002007-12-05T08:10:03.241-03:00Mudança Climática na Prática<p class="MsoNormal">No Brasil, a Presidência da República já trabalha com a hipótese da real mudança do clima e em breve lança um Programa Nacional de Mudanças Climáticas.</p> <p class="MsoNormal"><o:p></o:p>Apesar de todas as incertezas do IPCC e o ataque dos céticos, um americano<span style=""> </span>deixa claro num filme do YouTube que, independente da real ameaça da mudança do clima, compensa investir recursos em mitigação e adaptação. Confira em:</p> <p class="MsoNormal"><o:p></o:p><a href="http://www.youtube.com/watch?v=bDsIFspVzfI">http://www.youtube.com/watch?v=bDsIFspVzfI</a> (em inglês).</p> <p class="MsoNormal">Por Ivan Bergier.</p>ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-84081651150300733182007-11-27T09:35:00.000-03:002007-11-27T09:44:23.692-03:00Brigando com São PedroPor<i> Maísa Guapyassu, engenheira florestal da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, no site O Eco. Envida por Emiko Resende da Embrapa Pantanal.<br /><br /></i>Como qualquer cidadão mais ou menos normal, acordo cedo todos os dias para trabalhar, e aproveito o café da manhã para me inteirar das notícias. Escuto, mais do que assisto o Bom Dia Brasil, aproveitando ainda estar meio sonada, meio amortecida. Assim as notícias descem mais suavemente, acompanhadas de mamão e iogurte, o que ajuda a digeri-las.<br /><br />Mas tem vezes que não dá. As notícias caem como pedras no estômago e sinto a minha gastrite crônica, parceira comum do cidadão mais ou menos normal, gritar em protesto.<br /><br />Por dias, semanas, saíram reportagens sobre a estiagem, “a seca mais violenta de todos os tempos”. A reportagem, os depoimentos, as imagens são sempre similares: mudam a localização geográfica e o sotaque do pobre coitado que dá o seu depoimento, sempre dizendo que há décadas (que variam de 2 a 4) não se vê uma estiagem assim na região.<br /><br />E hoje, a gota d’água que derramou o conteúdo do cálice (metáfora meio infeliz em se tratando de seca), ou melhor, a pedra que acionou o grito da minha gastrite, foi uma reportagem sobre a seca no Pantanal do Rio Negro.<br /><br />Nada na reportagem foi diferente das outras, de outras regiões do país. Então porque a revolta, agora? Essas reportagens viraram lugar-comum, como as milícias no Rio de Janeiro, quedas de aeronaves em São Paulo, o caos no sistema aéreo nacional, e a desfaçatez de políticos brasileiros.<br /><br />O que doeu e o mel no iogurte não conseguiu abrandar foi uma frase, proferida pelo proprietário rural da vez, com ar desolado e o rosto um caminho de rugas profundas, e que praticamente encerrou a reportagem: “nós estamos dependendo de São Pedro para mandar chuva”. Pronto. Descobrimos o culpado: São Pedro, que além de guardião das chaves do céu, é o responsável por abrir as torneiras da chuva! Santo canguinha, economizando água a essa altura dos acontecimentos!<br /><br />Engraçado, aprendi na faculdade, na pós-graduação, com a ciência que leio e até divulgo, que o culpado era outro. Não é que me enganaram até hoje! Deve ser ingenuidade da minha parte, pois sempre atribuí ao desmatamento a seca que cada vez mais se faz sentir.<br /><br />Deve ser por isso que há meses, anos, se fala da estiagem em época de estiagem e nenhum meio de comunicação de massa – digo nenhum, sem exagero, quer escrito, quer televisado - relaciona tudo isso com desmatamento. É porque esses meios de comunicação têm uma linha direta com as questões do céu. Afinal, não são íntimos “dos de lá de cima”, tão super-poderosos quanto? Não informam o que querem quando querem e como querem?<br /><br />Fui dar uma pesquisada em outras fontes: vai ver que uns, mais que outros, estão mais conectados com as alturas. Mas não é que independente de nome, filiação religiosa, do que seja, parece que todo mundo que divulga notícias acha que São Pedro é o culpado?<br /><br />Deve ser mesmo. Pois se a gente for tomar o Pantanal, alvo da reportagem de hoje de manhã como exemplo, fica pelo menos perplexo. Seca no Pantanal? A gente aprendeu na escola, nos livros de geografia, que era a maior planície inundável do planeta – ou da América do Sul, ou enfim, de onde o ufanismo patriótico dos geógrafos os levava. Como está seco?<br /><br />Vou mandar uma carta aos pesquisadores da Conservação Internacional, que publicaram um artigo ainda no ano passado, em outubro, na revista Natureza & Conservação. Nessa carta vou falar pra eles jogarem tudo o que pesquisaram no lixo, e fazer uma novena para São Pedro. Pois não é que essa gente, completamente equivocada, constatou que dos 87 municípios da Bacia do Alto Paraguai, onde o Pantanal está incluído, 59 apresentaram mais da metade de seu território desmatada; 22 desmataram mais de 80% e 19 mais de 90% de seus territórios! E apontaram como causa do desmatamento a pecuária e atividades correlatas. E ainda disseram que nesse ritmo, em pouco mais de 45 anos a vegetação original do Pantanal terá desaparecido completamente.<br /><br />Não é o desmatamento o culpado pela seca. É São Pedro.<br /><br />Vou também dar uma bronca na Juliana Michaela, responsável pela reportagem publicada n’OEco, onde falou no final de agosto desse ano das conseqüências do desmatamento numa cidadezinha do norte de Mato Grosso, chamada Peixoto de Azevedo. Essa cidade fica na porção Amazônica do estado e sofre de sérios problemas de falta de água. Ô menina, você está enganada. O santo é o culpado, e não 30 anos de desmatamento e exploração mineral. Aliás, conheci Peixoto de Azevedo em 1983: uma vilazinha cercada pela floresta amazônica ainda, mas já coalhada de armazéns compradores de ouro, onde o barulho dos bandos de papagaio se misturava ao de alto-falantes convocando gente para trabalhar em garimpos. Imagina, falta de água no meio da floresta amazônica? Só coisa do divino, mesmo. Castigo ou vingança de santo.<br /><br />E aquela outra menina d’OEco, Andréia Fanzeres, que em vez de ir rezar o terço pro São Pedro, vive fazendo reportagens sobre desmatamento, aumento de índices de queimada e essas coisas? Essa semana mesmo, menina inquieta, foi falar de queimada no Parque Nacional dos Campos Amazônicos. Perde seu tempo falando essas coisas não, vai fazer uma promessa pro santo, minha filha! Não tem água? A culpa é dele!<br /><br />Sul e Sudeste do Brasil? Florestas nativas destruídas, celeiro do país comendo florestas, terraplanando morros, assoreando cursos d’água, desmatamento rolando solto, incontrolável. Nascentes secando, rios com pouca água, estiagem, seca, paisagens de um Brasil de outras latitudes. A culpa é de São Pedro!<br /><br />O rio São Francisco, de outro santo – será que não se dá com o santo mandador de chuva? – minguado, fiozinho de água em alguns lugares. Não é por desmatamento nas suas cabeceiras, ou por queimadas: vai ver é rixa de santos!<br /><br />Reservatórios de hidrelétricas com níveis baixíssimos, açudes secos, crise de energia? Aponta o dedo pro santo, culpado-mór. E como a culpa é do santo, vamos gerar energia queimando carvão e óleo em termoelétricas, contribuindo pro aquecimento global. Indiretamente, quem é o causador disso tudo? São Pedro, né?<br /><br />Crise de energia? Apagão por falta de chuva? Destruir florestas não tem nada a ver com isso.<br /><br />Fazer o que? Novena? Promessa? Simpatia pro santo mandar chuva? Boicotar São Pedro? “Descanonizar”?<br /><br />Olhe, acho que vai ser mais fácil provocar um impeachment no reino dos céus pra desbancar São Pedro, do que convencer os responsáveis pelas políticas públicas desse país, e aqueles responsáveis por divulgar informações, por alimentar com fatos a opinião pública, que seca e desmatamento estão de mãos dadas. Que o pobre do São Pedro não tem nada a ver com isso.<i><br /></i>ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-69972853026423253652007-07-08T17:56:00.000-03:002007-07-08T18:20:48.151-03:00O Argumento da Saturação Gasosa<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;"><i><span style="">Postagem convidada de Spencer Weart em colaboração com Raymond T. Pierrehumbert</span></i></span><span style="font-size:130%;"><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">As explicações simples de física para o efeito estufa que se encontra na internet estão freqüentemente muito erradas. Estes erros podem promover a confusão sobre se a humanidade de fato causa o aquecimento global por adicionar dióxido de carbono à atmosfera. Algumas pessoas têm argumentado que a simples física mostra que já há tanto CO<sub>2</sub> no ar que seu efeito sobre a radiação infravermelho é "saturado" — significando que ao adicionar mais gás faria pouca diferença na quantidade de radiação absorvida pela atmosfera, desde que toda a radiação já é bloqueada. E além do mais, não é o vapor de água que bloqueia todos os raios infravermelhos que o CO<sub>2</sub> deveria bloquear?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">Os argumentos soam bem, tão bem que aliás ajudaram a suprimir as pesquisas do efeito de estufa por meio século. Em 1900, pouco depois de Svante Arrhenius publicar seu inovador argumento de que nosso uso de combustíveis de fósseis eventualmente aqueceria a planeta, outro cientista, </span><span style="font-size:130%;">Å</span><span style="font-size:130%;">ngström Knut, pediu a um assistente, Herr J. <span style=""> </span>Koch, para fazer uma simples experiência. Ele enviou radiação infravermelho por um tubo preenchido com dióxido de carbono, contendo similar quantidade de gás que teria uma coluna de ar até o topo da atmosfera. Isso não é muito, desde que a concentração no ar é de apenas algumas centenas de partes por milhão. Herr Koch fez suas experiências num<span style=""> </span>tubo de 30cm, embora 250cm teria sido mais próximo ao comprimento correto para representar a quantia de CO<sub>2</sub> na atmosfera. Herr Koch encontrou que quando a concetração de gás no tubo era reduzida a um terço, a quantidade de radiação que passava havia mudado pouco. A comunidade meteorológica americana foi alertada pelos resultados de </span><span style="font-size:130%;">Å</span><span style="font-size:130%;">ngström num comentário que apareceu em junho, na edição da revista “Revisão Mensal de Tempo” de 1901, que usou o resultado para advertir aos "geólogos" a não aderir às selvagens idéias de Arrhenius.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">Ainda mais persuasivo para os cientistas do dia era o fato que o vapor d´água, que é muito mais abundante no ar que o dióxido de carbono, também intercepta radiação infravermelho. No espectro infravermelho, as faixas principais onde cada gás bloqueia radiação se sobrepõem. Como poderia o adicionar de CO<sub>2</sub> afetar a radiação em faixas do espectro que a H<sub>2</sub>O (sem mencionar o próprio CO<sub>2</sub>) já afetou? Como estas idéias espalham, mesmo cientistas que tinham se estusiasmado pelo trabalho do Arrhenius decidiram que ele estava errado. Os trabalhos sobre essa questão ficaram estagnados. Se não havia uma visão "estabelecida" do efeito de estufa, havia confiança de que o CO<sub>2</sub> emitido por seres humanos não poderia afetar nada tão grandioso como o clima da Terra.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">Ninguém estava interessado em pensar profundamente a questão para notar o erro no argumento. Os cientistas olhavam o aquecimento no nível do solo, por falar, questionando-se sobre a radiação que chega e deixa a superfície da Terra. Como </span><span style="font-size:130%;">Å</span><span style="font-size:130%;">ngström, eles tenderam a tratar o topo da atmosfera como uma unidade, como se fosse uma única placa de vidro. (Por isso a analogia de "estufa"). Mas isto não é como o aquecimento global realmente funciona.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">O que acontece à radiação infravermelho emitida pela superfície da Terra? Ao se mover para cima camada a camada pela atmosfera, uma porção é retida em cada camada. Para ser específico: uma molécula de dióxido de carbono, vapor de água ou algum outro gás <span style=""> </span>estufa absorve um pouco de energia da radiação. A molécula pode irradiar a energia de volta numa direção aleatória. Ou pode transferir a energia em velocidade e colisões com outras moléculas do ar, de modo que a camada de ar fica mais quente. A camada de ar irradia alguma energia que absorveu de volta em direção ao solo e para algumas camadas mais altas acima. Ao ir mais alto, a atmosfera fica mais rarefeita e mais fria. Eventualmente a energia alcança uma camada tão fina que permite essa radiação escapar para o espaço.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">O que acontece se adicionamos mais dióxido de carbono? Nas camadas altas e rarefeitas nas quais muito da radiação de calor vindo de baixo passa, adicionando mais moléculas de gás estufa significa que a camada absorverá mais raios. Então o lugar em que a maioria da energia de calor finalmente deixa a Terra muda para as camadas ainda mais altas. Essas são camadas mais frias, então elas não irradiam calor também. O planeta como um todo absorve mais energia do que irradia (que é aliás nossa situação atual). Como os níveis mais altos irradiam algum excesso de volta para baixo, todos os níveis mais baixos até a superfície esquentam. O desbalanço deve continuar até que os níveis mais altos fiquem suficientemente quentes para irradiar a energia para fora a medida em que o planeta recebe energia.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">Qualquer saturação em níveis mais baixos não mudaria isto, pois são as camadas pelas quais a radiação escapa que determinam o equilíbrio de calor da planeta. A lógica básica foi precisamente explicada por John Tyndall em 1862: "Como uma represa construída num rio causa um aumento da profundidade local do rio, nossa atmosfera, com uma barreira de raios [infravermelho] terrestres, produz um aumento local da temperatura na superfície da Terra". <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">Mesmo uma explicação simples difícilmente serve em todas suas implicações, e os cientistas só trabalharam isso parcialmente. Primeiro tiveram que entender que valia a pena em absoluto pensar sobre o dióxido de carbono. O fato de que o vapor d´água bloqueia completamente a radiação infravermelho não significava que qualquer mudanças no CO<sub>2</sub> fossem sem sentido? Outra vez, os cientistas daquela época foram pegados na armadilha de pensar na atmosfera como uma única placa. Embora soubessem que quanto mais alto, mais seco fica o ar, eles só consideraram o vapor total de água na coluna.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">Os avanços que finalmente põem o campo de volta na pista correta vieram de pesquisas realizadas durante os anos de 1940. Oficiais militares prodigamente financiaram pesquisas nas camadas altas do ar onde seus aviões de bombardeio operaravam, camadas atravessadas pela radiação infravermelho que eles talvez usassem para detectar os inimigos. A análise teórica da absorção avançou com resultados confirmados por estudos de laboratório usando técnicas muito superiores às de </span><span style="font-size:130%;">Å</span><span style="font-size:130%;">ngström. Os desenvolvimentos resultantes estimularam o novo pensar, mais claro, sobre a radiação atmosférica. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">Entre outras coisas, os novos estudos mostraram que na fria e rarefeita atmosfera superior, onde a crucial absorção no infravermelho acontece, a natureza da absorção é diferente do que cientistas supunham pelas ultrapassadas medidas ao nível do mar. Tome uma única molécula de CO<sub>2</sub> ou H<sub>2</sub>O. Ela absorverá luz somente numa faixa de comprimentos de onda específicos, que aparecem como pequenas linhas escuras no espectro. Um gás a temperatura e pressão ao nível do mar, as incontáveis moléculas chocando entre si em velocidades diferentes, cada uma absorve em comprimentos de onda levemente diferentes, então as linhas são alargadas e se sobrepõem a uma extensão considerável. Mesmo sob pressão ao nível do mar, a absorção é concentrada em picos discretos, mas as lacunas entre os picos são claramente estreitas e os "vales" entre os picos não estão absurdamente fundos. (Veja </span><span style="font-size:130%;"><a href="http://www.realclimate.org/index.php/archives/2007/06/a-saturated-gassy-argument-part-ii">Parte II</a></span><span style="font-size:130%;"> ) Nada disto era sabido há um século. Com os instrumentos infravermelhos primitivos disponíveis no início do século 20, os cientistas viam a absorção espalhada em faixas largas. E eles não tiveram nenhuma teoria para sugerir algo diferente. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">As medidas feitas pela Aeronáutica dos EUA focaram a atenção dos cientistas aos detalhes da absorção, especialmente nas altas altitudes. Em baixa pressão os picos tornam-se muito mais definidos, como uma estaca de cerca. Há lacunas entre as linhas de H<sub>2</sub>O onde a radiação pode passar a menos que seja bloqueada pelas linhas do CO<sub>2</sub>. Além do mais, pesquisadores tinham se tornado cada vez mais cientes de como o ar muito seco chega às altitudes superiores — de fato a estratosfera tem quase nada de vapor de água em absoluto. Por outro lado, o CO<sub>2</sub> é bem misturado por toda atmosfera, então quanto mais alto torna-se relativamente mais significativo. Os pontos principais podiam ter sido entendidos já por volta dos anos de 1930 se os cientistas tivessem olhado o efeito estufa mais cuidadosamente (aliás um físico, E.O. O Hulbert, fez um cálculo bastante bom, mas a questão era de interesse tão pequeno que ninguém notou).<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">Como vimos, nas camadas mais altas onde a radiação começa a passar facilmente, adicionando algum gás de efeito estufa deve aquecer a Terra mesmo sem considerar como a absorção funciona. As mudanças nas linhas de absorção de H<sub>2</sub>O e CO<sub>2</sub> com pressão e temperatura só muda as camadas onde a ação principal acontece. Necessita-se levar tudo em conta para fazer um cálculo exato do aquecimento. Nos anos de 1950, depois que bons dados de infravermelho e computadores digitais tornaram-se disponíveis, o físico Gilbert Plass levou tempo do que parecia mais importante estudar através de longos cálculos de equilíbrio de radiação, camada por camada na atmosfera e ponto por ponto no espectro. Anunciou que ao adicionar CO<sub>2</sub> realmente poderia elevar em aproximadamente um grau a temperatura global. Os cálculos do Plass eram demais primitivos para explicar muitos efeitos importantes. (Movimentos de energia de calor para cima não só por radiação mas por convecção, alguma radiação não é bloqueada por gás mas por nuvens, etc.) Mas para os poucos cientistas que prestaram atenção, estavam agora certos de que a questão precisava ser estudada. Mais décadas passariam antes dos cientistas começarem a dar uma explicação clara ao público sobre o que realmente estava ocorrendo nestes cálculos, direcionando a atenção às camadas altas e frias da atmosfera. Mesmo hoje, muitos tentam explicar o efeito estufa como se a atmosfera fosse uma única placa de vidro.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">Em suma, o modo como a radiação é absorvida somente importa se quisemos calcular o grau exato de aquecimento — adicionar dióxido de carbono fará o efeito estufa mais forte sem considerar a saturação na atmosfera mais baixa. Mas de fato, a atmosfera da Terra não é sequer próxima de um estado de saturação. Com as técnicas primitivas do seu dia, </span><span style="font-size:130%;">Å</span><span style="font-size:130%;">ngström teve um mau resultado experimental, como explicado no </span><span style="font-size:130%;"><a href="http://www.realclimate.org/index.php/archives/2007/06/a-saturated-gassy-argument-part-ii">Parte II.</a></span><span style="font-size:130%;"> Realmente, não está claro que teria apreciado a importância de seu resultado ainda que tivesse chegado a uma resposta correta para a variação da absorção com a quantidade de CO<sub>2</sub>. De seu escrito, é uma suposição bastante boa que ele havia pensado que uma mudança de absorção de um por cento ou então sobre dobrar CO<sub>2</sub> fosse insignificante. Na realidade, um mero por cento de aumento, quando combinado adequadamente com o argumento "diminuindo e esfriando", adiciona 4 Watt por metro quadrado ao equilíbrio de radiação de planetas para a duplicação de CO<sub>2</sub>. Isso representa um por cento da energia solar absorvido pela Terra, mas é um “altamente” importante por cento para nós! Afinal de contas, um mero um por cento de mudança na temperatura de superfície da Terra de 280 Kelvin é 2,8 Kelvin (que é também 2,8 Célsius). E isso sem mesmo levar em conta a forçante radiativa de todas essas retro-alimentações amplificadoras, como aquelas devidas ao vapor d´água e do albedo de gelo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">Seja como for, <a href="http://www.realclimate.org/index.php/archives/2007/06/a-saturated-gassy-argument-part-ii">Medidas modernas</a></span><span style="font-size:130%;"> mostram que não há suficiente CO<sub>2</sub> na atmosfera para bloquear a maioria da radiação infravermelho nas faixas do espectro onde o gás absorve. Esse é o mesmo caso para o vapor d´água em lugares onde o ar é muito seco. (Quando a noite cai num deserto, a temperatura é rapidamente derrubada de quente a congelação. A radiação de superfície escapa diretamente ao espaço, a menos que haja nuvens para bloqueá-la).<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">Então, se um amigo cético chega a você com o "argumento da saturação" contra o aquecimento global, aqui está tudo que precisa dizer: (A) Haveria um aumento no aquecimento estufa ainda que a atmosfera fosse saturada, porque é a absorção na atmosfera superior fina (que é insaturada) que conta. (B) Não é sequer verdadeiro que a atmosfera realmente está saturada com respeito a absorção por CO<sub>2</sub>. (C) O vapor d´água não oprime os efeitos do CO<sub>2</sub> porque há pouco vapor d´água nas regiões altas, frias em que o infravermelho escapa, e sob baixas pressões nessa região a absorção do vapor d´água é como um filtro furado, que deixaria passar muito mais radiação, não fosse pelo CO<sub>2</sub>. E (d) estas questões foram satisfatoriamente endereçadas por físicos há 50 anos, e a física necessária é incluída em todos modelos de clima.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">Então você pode ter uma visão, e imaginar quanto o mundo seria hoje diferente se estes argumentos tivessem sido entendidos nos idos de 1920, como eles bem podiam ter sido entendidos se alguma pessoa tivesse pensado sê-los suficientemente importantes para se pensar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;"><b><span style="">Para mais Leitura<o:p></o:p></span></b></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">Referências e uma história mais detalhada pode ser achada </span><span style="font-size:130%;"><a href="http://www.aip.org/history/climate/co2.htm">aqui</a></span><span style="font-size:130%;"> e </span><span style="font-size:130%;"><a href="http://www.aip.org/history/climate/Radmath.htm">aqui.</a></span><span style="font-size:130%;"> <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">Alguns aspectos do argumento "diminuindo e esfriando", e a importância do nível de radiação são achados em </span><span style="font-size:130%;"><a href="http://www.realclimate.org/index.php/archives/2005/11/busy-week-for-water-vapor/">Semana Ocupada por Vapor D´água</a></span><span style="font-size:130%;">, que também contem uma discussão dos efeitos radiativos do vapor d´água no topo da atmosfera vs. O balanço de radiação na superfície. Uma discussão geral dos papéis relativos do vapor d´água e CO<sub>2</sub> é dada em uma </span><span style="font-size:130%;"><a href="http://www.realclimate.org/index.php/archives/2005/04/water-vapour-feedback-or-forcing/">postagem de Gavin</a></span><span style="font-size:130%;"> sobre o assunto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">Você pode ter uma boa idéia de como o CO<sub>2</sub> e o vapor d´água afetam o espectro de radiação que escapa da Terra jogando online com o modelo de radiação de Dave Archer </span><span style="font-size:130%;"><a href="http://geosci.uchicago.edu/%7earcher/cgimodels/radiation.html">aqui.</a></span><span style="font-size:130%;"> Ajudaria, naturalmente, ler a explicação dos níveis de radiação no livro de Archer, <u>Entendendo a previsão</u>. Uma discussão sobre os níveis de radiação para casos reais e idealizados, num nível mais avançado, pode ser achado no esboço do </span><span style="font-size:130%;"><a href="http://geosci.uchicago.edu/%7ertp1/ClimateBook/ClimateBook.html">ClimateBook</a></span><span style="font-size:130%;"> de Pierrehumbert; veja os Capítulos 3 e 4.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; color: rgb(255, 255, 255); font-family: arial;font-family:times new roman;"><span style="font-size:130%;">O artigo da Revisão Mensal do Tempo que comenta o trabalho do </span><span style="font-size:130%;">Å</span><span style="font-size:130%;">ngström está </span><span style="font-size:130%;"><a href="http://www.realclimate.org/images/MWRAngstromComment.pdf">aqui</a></span><span style="font-size:130%;">, e artigo original de </span><span style="font-size:130%;">Å</span><span style="font-size:130%;">ngström </span><span style="font-size:130%;"><a href="http://www.realclimate.org/images/Angstrom.pdf">aqui.</a></span><span style="font-size:130%;"><o:p></o:p></span></p> <p style="font-family: arial;font-family:arial;" class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;font-size:130%;" ><span style="color: rgb(255, 255, 255);">Fonte: <a href="http://www.realclimate.org/">Realclimate</a>. Traduzido por Ivan Bergier T. Lima.</span><o:p></o:p></span></p>ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-46564855831013974212007-06-26T23:38:00.000-03:002007-06-27T00:02:38.761-03:00CO2 Crescendo Rápido<div style="width: 250px; margin-left: auto; margin-right: auto;" id="illus1" class="article-insert right small image-full"><img style="" alt="CO2 rising fast" src="http://www.nature.com/climate/2007/0707/images/climate.2007.14-i1.jpg" /></div><p class="norm">As emissões humanas mundiais de dióxido de carbono estão crescendo mais rápido que as piores previsões feitas pelos cientistas. O aumento nos níveis do CO<sub>2</sub>, em média de 1.1% ao ano de 1990 a 1999, pulou para mais de 3% ao ano ano de 2000 a 2004, de acordo com um novo estudo de Michael Raupach do 'Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation', na Austrália, e colegas de outros países.</p><p class="norm">Os pesquisadores dividem o mundo em nove regiões e analisaram as tendências da população, fatores econômicos e dados de energia para cada região. Eles encontraram que as nações desenvolvidas, que representam 20% da população mundial, respondem por 59% das emissões humanas de CO<sub>2</sub> em 2004. Nações em desenvolvimento, incluindo aquelas com rápida expansão econômica, foram responsáveis por somente 41% das emissões totais em 2004, mas contribuíram com 73% do crescimento das emissões nesse ano.</p><p class="norm">Mesmo os cenários mais intensivos de combustíveis fósseis desenvolvidos pelo IPCC subestimou o rápido aumento nos níveis do CO<sub>2</sub> desde 2000. Raupach e colegas atribuem as tendências observadas ao crescente uso de energia pela atividade econômica e a intensidade de carbono das fontes de energia. O estudo mostra que nenhuma região está descarbonizando suas fontes de energia e que as emissões de CO<sub>2</sub> estão acelerando mundialmente, lideradas pela China.<a href="http://dx.doi.org/10.1073/pnas.0700609104"><span class="i"><br /></span></a></p><p class="MsoNormal">Fonte:<span style="" lang="EN-US"><a href="http://www.nature.com/climate/2007/0707/full/climate.2007.14.html"> <span style="color: rgb(255, 255, 255);">Nature Reports Climate Change<br /></span></a></span></p><p class="MsoNormal"><a style="color: rgb(255, 255, 255);" href="http://dx.doi.org/10.1073/pnas.0700609104"><span class="i">Proc. Natl Acad. Sci. USA</span> doi:10.1073/pnas.0700609104 (2007)</a><br /><span style="" lang="EN-US"><a href="http://www.nature.com/climate/2007/0707/full/climate.2007.14.html"><span style="color: rgb(255, 255, 255);"></span></a><o:p></o:p></span></p> <p class="norm">Traduzido por Ivan B. T. Lima.<br /><a href="http://dx.doi.org/10.1073/pnas.0700609104"><span class="i"></span></a></p>ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-64833963923882293252007-06-21T15:00:00.000-03:002007-06-21T15:02:01.149-03:00Mudança Climática e Imprensa, Ciência e Política: Estará o Tempo do Nosso Lado?<p class="MsoNormal">As negociações climáticas da reunião do G8 (veja <a href="http://blogs.nature.com/climatefeedback/2007/06/shaping_the_kyoto_successor.html">a postagem sobre as negociações climáticas do G8 de Olive Heffernan</a>) encorajou um aumento recente da atenção da Imprensa. No centro da cobertura de notícias está a discussão sobre a redução da emissões de gases de efeito estufa. Durante a semana passada, as propostas variaram de <a href="http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/europe/6731045.stm">cortes de emissões compulsórias entre todos os países membros do G8+5 até 2050</a> a ‘<a href="http://www.nature.com/news/2007/070604/full/447618b.html">metas de corte</a>’ decididas por cada país através de negociações nos próximos dois anos.</p> <p class="MsoNormal">Como essas visões opostas de ações de política internacional para combater a mudança climática antropogênica são negociadas, o ‘consenso’ do G8 estabelece um plano simples: 50% de redução das emissiões até 2050. Enquanto esse pronunciamento sugere algum progresso, uma das questões ainda em aberto está nos acordos de escala de tempo. Enquanto Japão e a União Européia pressionam o prazo da medida da linha de base dos 50% das emissões para 1990, os <a href="http://www.guardian.co.uk/g8/story/0,,2097367,00.html">EUA propõem 2007 como a linha de base</a>. Tal mudança na escala de tempo da linha de base tem um impacto real sobre o atual volume de gases de efeito estufa que serão removidos da atmosfera e/ou deixados de ser emitidos.</p> <p class="MsoNormal">Este aumento da atividade no nível internacional fornece uma nova oportunidade de examinar como os atores da ciência e política climática e o público interagem através da imprensa de massa. Através do tempo, a cobertura da imprensa tem se demonstrado um contribuidor chave – entre outros fatores – que tem moldado e afetado as contínuas interações entre ciência, política e o público. Enquanto muitas discussões têm examinado impedimentos na comunicação entre as comunidades, um aspecto dos desafios da comunicação que tem sido frequentemente deixado de lado é a escala de tempo.<span style=""> </span>Entre os estudos da interação ciência-imprensa-política, modelos lineares (como o modelo de deficiência de comunicação, etc) têm sido amplamente considerados insuficientes em capturar as influências múltiplas e não lineares, e os feedbacks que moldam os processos dinâmicos. Contudo, o melhor modelo linear que molde todas as interações é a presente e inevitável marcha undirecional (para frente) do tempo.</p> <p class="MsoNormal">Para os cientistas do clima parece um desafio descomunal comunicar efetivamente achados científicos pela Imprensa. Entre outras dificuldades, os cientistas devem dirimir as complexidades da escala de tempo em um sucinto e exato ‘pronunciamento’ ou em um comentário bastante claro.</p> <p class="MsoNormal">Enquanto tal processo possa parecer uma tentativa de sumarizar adequadamente os contornos da paleoclimatologia em um cartão postal, este é de fato o desafio em mãos. No espírito do escritor John McPhee, tais comunicações podem situar-se em uma maior paisagem desse tempo geológico. Nos Anais do “<a href="http://www.johnmcphee.com/annals.htm">Formal World</a>”, McPhee fornece a bem conhecida analogia de que os 4.6 bilhões de anos da história do tempo da Terra possa ser considerada como a distância entre carpos dos dedos mantendo-se o braço estendido. Ele escreve que<span style=""> </span>‘O Cambriano começa no pulso...todo o Cenozóico se encontra numa digital, e o cortar de uma diminuta porção de uma unha poderia erradicar a história humana’. Assim, o corte desse simples pedaço de unha representaria a remoção da história das comunicações político-científica e da imprensa de massa.</p> <p class="MsoNormal">Cada comunidade tem desenvolvido concepções variantes sobre as escalas de tempo em suas culturas profissionais, e isso afeta a comunicação. Na ciência climática, novos “insights” são tipicamente atingidos através de engajamentos interativos de longo prazo como pesquisas de campo, modelagem e processos de revisão em submissão de artigos (“peer review”). Em política climática, ciclos políticos, negociações e mobilização da população geralmente funcionam numa escala temporal de curto e médio prazo. Em jornalismo, os “breaking news”, a eficiência e a lucratividade frequentemente pressionam jornalistas a trabalhar em escalas de curto prazo. Restrições estruturais também têm um papel crítico<span style=""> </span>em obstruir a efetiva comunicação entre as comunidades através da Imprensa. Por exemplo, em ciência climática – e mais abrangentemente, na Academia – a maioria dos sistemas de premiação tem sido historicamente estruturado de modo que pouco se ganha profissionalmente através de uma crescente tarefa ‘não acadêmica’ como esforços na imprensa. De fato, o oposto tem sido a regra, e muito pode ser perdido, como o tempo dispendido nessas empreitadas. Além disso, muitos correm o risco de ser mal interpretados sobre suas pesquisas. E o pior é que as eventuais correções na Imprensa – cruciais para a exatidão da ciência climática – postas nos dias seguintes sem grandes destaques são ruíns para a continuação das interações entre as comunidades.</p> <p class="MsoNormal">Alguns argumentam que as tendências estão mudando e que o aumento da visibilidade através da cobertura acurada da imprensa melhora a compreensão do público e seu engajamento nas questões científicas. Outros acham que essas interações aumentam o status escolar e social e mesmo elevam a possibilidade de financiamentos de pesquisas e de estudantes. Esse último benefício também cabe às universidades onde os estudantes podem ser empregados, promovendo assim um novo laço de feedback positivo. Enquanto os esforços na imprensa devem continuar posicionados abaixo de outras pressões (comos os financiamentos de pesquisas e publicações), o crescente reconhecimento de sua importância tem provado ser um sinal encorajador da efetiva comunicação da ciência climática através da imprensa de massa. Mas esforços na imprensa<span style="color: red;"> </span>em excesso pode também sufocar as atividades e programas de pesquisas que estão presumivelmente dirigindo a atenção da Imprensa. </p> <p class="MsoNormal">Também, o ambiente é o fundamento para essas interações. Nas comunidades políticas (como a do G8) há frequentemente o foco sobre as mudanças na média de uma característica climática particular ao longo do tempo, através de avaliações e sínteses tais quais as do IPCC. Similarmente, estimativas das mudanças de temperatura do planeta no futuro são vastamente consideradas através dessas médias globais das leituras de temperatura atmosférica. Essa visão tem sido rotineiramente pinçada pela imprensa de massa. Todavia, através de um foco sobre as mudanças nas médias globais, tal perspectiva corre o risco em decisões de política climática que minimizem considerações potenciais de mudanças abruptas e não lineares no clima, e o sentido de urgência pode minguar no arcabouço das negociações políticas. Além do mais, considerações políticas e a cobertura da imprensa da resposta da natureza frente às influências humanas são por conseguinte subjulgadas por questões sócio-políticas e econômicas, como, por exemplo, quão certo deverão os esforços para a redução da emissão de gases de efeito estufa restringir as atividades econômicas.</p> <p class="MsoNormal">De modo geral, as discrepâncias das escalas de tempo têm contribuído para prioridades divergentes e (problemas em) traduções entre ciência climática e política através da imprensa de massa. Tais interações requerem algumas questões. Entre elas, será possívelmente suficiente essa velocidade glacial de ‘progressão’ dentro e entre as comunidades? Em outras palavras, estará o tempo do nosso lado?</p> <p class="MsoNormal">Links adicionais:</p> <p class="MsoNormal"><span style="" lang="EN-US">http://www.isse.ucar.edu/communication/book/<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="" lang="EN-US">http://www.sciencemediacentre.org/index.html<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal">Fonte: <span style="" lang="EN-US"><a href="http://blogs.nature.com/climatefeedback/recent_contributors/maxwell_boykoff/"><span style="" lang="PT-BR">Nature blog</span></a></span> (Postado por Olive Heffernan em 11 de junho de 2007, tradução Ivan B.T. Lima).</p>ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-10334579631599634762007-05-30T13:01:00.000-03:002007-05-30T13:06:17.793-03:00Amazônia Emite Grandes Quantidades de MetanoUm estudo realizado por cientistas brasileiros do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e americanos do National Oceanic and Atmospheric Administration, mostrou que a Floresta Amazônica é uma grande emissora do metano, um dos principais gases causadores do efeito estufa.<br /><br />A pesquisa acaba de ser publicada na <a href="http://www.agu.org/journals/gl/">Geophysical Research Letters</a> e integra o projeto internacional de pesquisas Large Scale Biosphere-Atmosphere Experiment in Amazonia (LBA), coordenado pelo Brasil, para elucidar o papel da Amazônia no clima global.<br /><br />Os pesquisadores utilizaram aviões de pequeno porte, e coletaram, entre 2000 e 2006, amostras de ar em perfis verticais de até quatro quilômetros de altitude. As medidas foram realizadas em dois pontos de monitoramento nas regiões central e oriental da Amazônia.<br /><br />Verificou-se que a Amazônia está contribuindo para um aumento médio de 34 partes por bilhão (ppb) de metano por ano. Só para se ter idéia, a contribuição mundial para o enriquecimento médio desse gás soma 150 ppb, considerando-se as medidas do pólo norte ao pólo sul.<br /><br />Os cientistas descobriram que as emissões do metano são originadas de áreas alagáveis, queimadas e processos aeróbicos de plantas. No artigo, os autores ressaltam que as estimativas de emissão de metano destas fontes não são suficientes para explicar as concentrações observadas sobre a Amazônia. O tempo de vida do gás chega a 12 anos.<br /><br />A mensuração da presença do metano foram feitas a partir de cálculos considerando o ar de entrada da bacia Amazônica, obtidos em medidas realizadas nas ilhas Barbados e Ascension, localizadas no Oceano Atlântico. A variação da concentração de metano próxima ao solo e a quatro quilômetros de altura chegou a 200 ppb para uma das coletas realizadas.<br /><br />Os estudiosos também informaram que os pontos de medidas, sobre reservas florestais, estão situados próximos às cidades de Santarém - região característica de árvores mais altas e floresta fechada - e Manaus - árvores mais baixas e floresta mais aberta. Na superfície, a concentração do metano é maior e em altitudes maiores as concentrações diminuem, mostrando a floresta como fonte de metano durante o ano todo. Os dados estão disponíveis no site público do projeto LBA.<br /><br />Fonte: Estadão (Milton F. da Rocha Filho)ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-85377536471347930072007-05-27T09:02:00.000-03:002007-05-27T16:29:49.596-03:00Por que os Modelos Climáticos Globais não Fornecem uma Descrição Realista do Clima Local<div class="storycontent"> <p><strong>Clima global</strong><br /><img src="http://www.realclimate.org/images/glasses.jpg" alt="óculos" align="left" width="100" /> Estatísticas do clima global, tal como a temperatura média global, fornece bons indicadores de como nosso clima varia (e.g. veja <a href="http://www.realclimate.org/index.php/archives/2005/01/is-climate-modelling-science/">aqui).</a> A maioria das pessoas no entanto, não são afetadas <em>diretamente</em> por estatísticas do clima <em>global</em>. Elas se preocupam com o clima local: a temperatura, chuva e vento onde <em>vivem</em>. Quando olha os impactos de uma mudança de clima ou adaptações específicas a uma mudança do clima, você frequentemente necessita saber como o aquecimento global afetará o clima <em>local.</em> </p> <p>Ainda assim, a medida em que os <a href="http://grida.no/climate/ipcc_tar/wg1/378.htm#1021">modelos de clima globais</a> (GCMs) tendem a descrever a estatística do clima global <a href="http://www.realclimate.org/index.php/archives/2007/05/hansens-1988-projections/">razoavelmente bem</a>, eles não fornecem uma descrição representativa do clima <em>local.</em> <a href="http://grida.no/climate/ipcc_tar/wg1/380.htm">Modelos de clima regional</a> (RCMs) fazem um melhor trabalho em representar clima numa escala menor, mas sua resolução espacial é ainda muito baixa quando comparado com o clima local e como ele pode variar espacialmente em regiões de terreno complexo. Este fato não é um defeito geral dos modelos do clima, mas somente uma limitação.<br /></p> <p><strong>Características regionais de clima</strong><br />A maioria de GCMs são capazes de fornecer uma representação razoável de uma caracterização climática regional tal como <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/ENSO">ENSO</a>, <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/North_Atlantic_Oscillation">NAO</a>, <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Hadley_cell">células de Hadley</a>, <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Trade_winds">ventos alísios</a> e <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Jet_stream">jatos na atmosfera.</a> Eles também fornecem uma descrição realista de <a href="http://www.cpc.noaa.gov/data/teledoc/teleintro.shtml">padrões chamados de teleconexões</a>, tal como propagação de ondas na atmosfera e no oceano. Estes fenômenos, no entanto, tendem a ter escalas espaciais claramente grandes, mas quando levados à escala local, o GCMs não são mais apropriados. </p> <p><strong>Escala mínima</strong><br /><img src="http://www.realclimate.org/images/echam4-mask.jpg" alt="A máscara de aterrissa-mar para ECHAM4" align="left" width="300" /> Há várias razões para que os GCMs não forneçam uma descrição representativa do clima local (isto é, exatamente <em>onde vivo)</em> . Uma delas é que uma malha de pontos, em que são calculadas as quantidades físicas relevantes para o clima, é demais grosseira (tipicamente 200km) para capturar os aspectos locais. A figura na esquerda mostra uma máscara típica de terra-mar para um GCM. </p> <p>A distância entre dois pontos da malha num GCM (ou um RCM) é a <em>escala mínima</em> (~200km). Tal resolução tipicamente usada nos GCMs até agora assume que a topografia seja lisa comparada à paisagem real e que alguns países (por exemplo Dinamarca e Itália) não são representados no modelos (um exceção é um GCM japonês com uma resolução espacial extremamente alta). </p> <p>Os processos de sub-amostragem da malha de pontos são representados por <em>esquemas de</em> parametrização descrevendo o efeito de agregação sobre uma escala maior. Estes esquemas frequentemente são referidos como 'modelo físico' mas realmente são baseadas em modelos físico-estatísticos descrevendo a quantidade média nos pontos da malha de parâmetros relevantes. Os esquemas de parametrização são normalmente baseados em dados empíricos (e.g., medidas de campo ou observações in-situ), e um exemplo típico de um esquema de parametrização é a representação de nuvens.</p> <p><strong>Os processos de superfície</strong><br /><img src="http://www.realclimate.org/images/fjords.jpg" alt="Fjords" align="left" width="70" /> Os modelos de clima necessitam <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Boundary_conditions">condições de contorno</a> descrevendo as condições da superfície (e.g. energia e fluxos de vapor) para fornecer uma representação realista do sistema do clima. Esquemas frequentemente simples de parametrização são empregados para fornecer uma descrição razoável, mas estes não capturam os detalhes das variações associadas com escalas espaciais pequenas.</p> <p><strong>Escala hábil</strong><br />Os problemas associados com esquemas de parametrização e baixa resolução explicam porque um valor na malha de pontos fornecido pelos GCMs não pode ser representativo para o clima local. Um conceito chamado de <em>escala hábil</em> às vezes tem sido empregado na literatura, ligado ao estudo de Grotch e MacCracken (1991) que acharam resultados de como modelos divergem com a redução da escala espacial. Especificamente, observaram que:</p> <blockquote><p> Embora o uso da média seja uma condição <em>necessária</em> para a validação de um modelo, mesmo quando médias [globais] concordam <em>perfeitamente</em>, na prática, diferenças regionais muito grandes ponto-a-ponto devem ocorrem. </p></blockquote> <p>Embora não esteja inteiramente claro se este estudo realmente acertou sobre escala hábil, tem sido citado por outros trabalhos, e argumenta-se que a escala hábil seja de aproximadamente 8 pontos da malha. Não obstante, desde os estudos de 1991, o GCMs melhoraram significativamente, e o GCMs estão atualmente ativos durante períodos mais longo e com variações diurnas na insolação.</p> <p><strong>Regionalização</strong><br /><img src="http://www.realclimate.org/images/lsm.jpg" alt="óculos" height="200" width="200" /><img src="http://www.realclimate.org/images/europe_blurred.jpg" alt="turvado" height="200" width="200" /><img src="http://www.realclimate.org/images/europe.jpg" alt="agudo" height="200" width="200" /></p> <p>As figuras acima dão uma ilustração do conceito de regionalização, ou do chamado <a href="http://grida.no/climate/ipcc_tar/wg1/378.htm">downscaling</a>. O painel mais acima mostra uma máscara típica de terra-mar de RCM, dando um quadro de sua resolução espacial. O painel do meio mostra uma imagem embaçada de satélite da Europa, que pode ilustrar como os detalhes são perdidos mas fornece um quadro realista em larga escala. Uma imagem mais nítida da Europa é mostrada no painel na imagem mais abaixo. Uma analogia para os dados de GCMs é vista no quadro de baixa resolução (meio) enquanto o modelo regional (RCMs) e o <a href="http://www.gvc2.gu.se/ngeo/rcg/edu/esd.pdf">downscaling empírico-estatístico</a> (ESD) põe os óculos para melhorar a acuidade da imagem (direita). </p> <p>Tanto RCMs como GCMs dão um quadro algo 'embaçado' embora em graus diferentes de acuidade, e RCMs e GCMs são semelhante em muitos aspectos. No entanto, GCMs não só são 'embaçados' mas também envolvem algumas diferenças estruturais mais sérias, tal como um exagero do Estreito de Gibraltar (veja a máscara de terra-mar acima), e a área dos Grandes Lagos, ou a Flórida e Califórnia Baja estão bastante diferentes e não só embaçadas (veja figura abaixo). Tais diferenças estruturais estão também presentes nos RCMs, mas em escalas espaciais muito menores. </p> <p><a href="http://www.realclimate.org/images/ModelResolution.jpg"><img src="http://www.realclimate.org/images/ModelResolution.jpg" alt="Resolução modelo, (Fonte: O fio, NCAR)" width="600" /><br /></a></p><p><a href="http://www.realclimate.org/images/ModelResolution.jpg">(<em>Fonte: NCAR)</em><br /></a></p> <p>Mas as imagens mostradas aqui de modelos presentes de clima realmente não mostram características em baixas escalas de quilômetro que podem influenciar o clima local onde eu vivo, tal como vales, lagos, montanhas e fjords (corredores estreitos e profundos de mar com litoral montanhoso), mesmo para RCMs (as figuras de baixo mostram uma projeção otimista para resolução espacial melhorada em GCMs no futuro próximo). O clima nos fjords da Noruega (<a href="http://www.realclimate.org/images/fjords.jpg">pode ser ilustrado pela cobertura de neve</a>) é muito diferente do clima nas montanhas que os separam. Em princípio, ESD pode ser aplicada a qualquer escala espacial, ao passo que o RCMs são limitados por recursos computacionais e a disponibilidade de dados limitantes.</p> <p><strong>O que é a escala hábil agora?</strong><br />Minha pergunta é se o conceito de uma escala hábil baseada nos velhos GCMs ainda solicita o estado-da-arte dos modelos. O AR4 do IPCC não diz muito sobre escala hábil, mas meramente declara que<br /></p> <blockquote><p>Os Modelos Gerais de Circulação Atmosfera-Oceano não podem fornecer informação em escalas melhores que sua malha de pontos computacional (tipicamente da ordem de 200 km) e processos nas escalas não resolvida são importantes. Fornecendo informação em escalas melhores poderia ser alcançado pelo uso de modelos de dinâmicos ou downscaling estatístico empírico de alta resolução.<br /></p></blockquote> O terceiro relatório de avaliação (TAR) meramente <a href="http://www.grida.no/climate/ipcc_tar/wg1/377.htm">declara</a> que 'A dificuldade de simular mudança regional do clima é portanto evidente'. O relatório de avaliação do IPCC 4 (capítulo 11) e o regionalização será discutida numa nova postagem.<br /><br />Fonte: <a href="http://www.realclimate.org/">RealClimate</a><br /></div> <script src="http://embed.technorati.com/linkcount" type="text/javascript"></script>ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-62015125637186954792007-05-22T09:51:00.000-03:002007-05-22T10:01:34.044-03:00Emissão de Dióxido de Carbono Cresce Mais que o PrevistoAs emissões mundiais de dióxido de carbono, gás que provoca o efeito estufa, cresceram três vezes mais rápido após 2000 do que na década de 90, colocando-as no topo de uma faixa de previsões feitas pelo IPCC. Ao mesmo tempo, a tendência no sentido de reduzir a "intensidade energética terrestre" (a proporção de energia necessária para produzir uma unidade de Produto Interno Bruto, PB) parece ter estancado, ou mesmo revertido, nos últimos anos. "Este estudo diz qual é nosso desafio, e como precisam ser sérios nossos esforços", disse Chris Field, autor do estudo publicado na revista <a href="http://www.pnas.org">Proceedings of the National Academy of Sciences</a>. <br /><br />Field, do Departamento de Ecologia Mundial da Carnegie Institution, em Stanford, Califórnia, disse que o estudo descobriu que, entre 2000 e 2004, as emissões mundiais de dióxido de carbono cresceram 3,1% ao ano, ou cerca de três vezes mais rápido que a taxa de 1,1% registrada na década de 1990. A aceleração se deve ao aumento da quantidade de carbono necessária para produzir a energia que as pessoas utilizam, além da estagnação da eficiência energética. Outros fatores são o crescimento da população mundial e do PIB per capita, segundo o estudo. Field ressaltou o consenso cientifico em torno do fato de que as emissões de carbono contribuem para a mudança climática global. Grande parte da aceleração nas emissões de dióxido de carbono vem da China, onde a economia em rápido crescimento é alimentada em larga medida por energia obtida da queima de carvão.<br /><br />O mundo em desenvolvimento foi responsável por 73% do crescimento das emissões mundiais em 2004 e abriga cerca de 80% da população mundial, diz o estudo. Em contraste, os países mais ricos contribuíram com cerca de 60% das emissões totais em 2004 e são os responsáveis por 77% das emissões acumuladas desde o início da Revolução Industrial. A pesquisa revelou que, desde 2000, as emissões globais cresceram mais rápido do que na maioria dos piores cenários imaginados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).<br /><br />Fonte: Deborah Zabarenko, Reuters (Valor On-line)ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-30985497663617468712007-05-18T16:18:00.000-03:002007-05-18T21:03:28.022-03:00Mudanças Climáticas Enfraquecem Sumidouro de CarbonoUm grupo de pesquisadores de 11 instituições internacionais, baseados em observações da concentração atmosférica de dióxido de carbono e num método de inversão, estimaram que o sumidouro de carbono do Oceano Sul perdeu força entre 1981 e 2004, a uma taxa de 0.08 PgC por ano (1 Pg = 1 bilhão de toneladas), com relação à tendência esperada devido ao aumento de CO2 na atmosfera. <br /><br />Este enfraquecimento é atribuído ao aumento observado na intensidade dos ventos no Oceano Sul, devido a fatores antrópicos. As conseqüências incluem, no curto prazo (~25 anos), a redução da eficiência do sumidouro de CO2 do Oceano Sul e, no longo prazo, a possibilidade de estabilização da concentração de CO2 atmosférico em níveis mais elevados ainda que os previstos atualmente. Estes resultados foram publicados on-line no dia 17 de maio de 2007, na revista <a href="http://www.sciencemag.org">Science</a>.ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-13500868427552137382007-05-17T16:50:00.000-03:002007-05-17T16:57:49.609-03:00Celso Amorim: Combater o Desmatamento é do Interesse do BrasilPara marcar nova postura no debate internacional sobre mudança climática, o governo brasileiro estuda estabelecer de modo unilateral e voluntário objetivos de redução do desmatamento da Amazônia. Foi o que sugeriu Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, a três semanas da cúpula do G-8, da qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará parcialmente como convidado. "O Brasil tem que ter uma postura combativa e não defensiva", disse Amorim. "Tem que ter seus objetivos para combater o desmatamento porque isso é uma perda para nós." <br /><br />O Brasil é o quarto maior emissor de gases-estufa do mundo, basicamente por causa do desmatamento na Amazônia, e suas exportações agrícolas vem sendo alvos de acusações de destruir a floresta. Até recentemente, o governo brasileiro preferia só apontar a culpa dos países industrializados no aquecimento do planeta. Agora, Brasília repensa sua posição no rastro dos recentes relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).<br /><br />A destruição da Amazônia tem sido vista como uma das causas do aquecimento global. "Agora está cada vez mais claro que a Amazônia seria não causadora, mas vítima, correndo risco de virar savana e de enorme perda da biodiversidade", disse Amorim. O Brasil já propôs a criação de um fundo internacional para os países industrializados darem dinheiro para combater o desmatamento. Mas Amorim é incisivo: "Sugerimos incentivos, mas recebendo ou não dinheiro, devemos evitar o desmatamento da Amazônia, porque é de nosso interesse". <br /><br />Fonte: Valor Online (Assis Moreira)ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-53822158093218058882007-05-15T09:11:00.000-03:002007-05-15T19:52:32.198-03:00Na Nature: Biocarvão Sequestra Carbono e Gases Produzem Bioenergia<p>Na décima edição da <a href="http://www.nature.com/nature/journal/v447/n7141/pdf/447143a.pdf">Nature</a>, um biogeoquímico da Universidade de Cornell descreve um meio eficiente e econômico para ajudar a compensar o aquecimento global : Retirar dióxido de carbono da atmosfera através da formação de carvão vegetal por pirólise (queima sem oxigênio a baixas temperaturas) de árvores, gramas ou de resíduos agrícolas sem o uso de oxigênio.</p> <table class="photoright" align="right" border="0" cellpadding="0" width="400"> <tbody><tr><td><img src="http://www.news.cornell.edu/stories/May07/pyrolysis.jpg" alt="O diagrama ilustra pyrolysis" border="0" height="272" width="400" /><br /><br /></td></tr> <tr><td class="caption">Quando a bioenergia é produzida por pirólise (queima sem oxigênio a baixas temperaturas), produz biocarvão, que tem duas vezes mais carbono em seu resíduo que outras fontes. Isto torna a bioenergia carbono-negativa e melhora a saúde do solo.<br /><br /></td></tr> </tbody></table> <p>Este processo, descreve o autor, dobraria a concentração de carbono nos resíduos, que poderia ser retornado ao solo como um sumidouro de carbono. Os gases produzidos nesse processo e a produção de outros biocombustíveis poderiam então ser convertidos em energia.</p> <p>O chamado sequestro de biocarvão poderia compensar em aproximadamente 10 % as emissões anuais de origem fóssil de EUA em vários cenários, diz Johannes Lehmann, Professor Associado de Biogeoquímica do Solo no Departamento de Produção Agrícola e Ciências do Solo na Universidade Cornell.</p> <p>"O sequestro de biocarvão, combinado com a produção de bioenergia, não exige grande avanço científico, e a tecnologia subjacente de produção é robusta, limpa e simples, tornando-a apropriada em muitas regiões do mundo," disse Lehmann. "A tecnologia não só reduz as emissões como também sequestra carbono, sendo assim um alvo atraente para subsídios de energia e para inclusão no mercado global de carbono".</p> <p>A maioria de plantas retiram dióxido de carbono da atmosfera e o aprisionam em sua biomassa ou na matéria orgânica do solo. Mas em um passo além, Lehmann recomenda queimar a biomassa de plantas sem oxigênio num processo conhecido como pirólise a baixas temperaturas. Ao retornar ao solo, o biocarvão cria um sumidouro de carbono persistente e estável ao longo do tempo.</p> <p>"Foi mostrado também que o biocarvão melhora a estrutura e a fertilidade do solo, aumenta a retenção e eficiência de fertilizantes, bem como melhora a produtividade da terra," disse Lehmann.</p> <p>Capturar os gases produzidos no processo de pirólise produz energia nas formas de calor, eletricidade, bio-óleo ou hidrogênio. A adição de biocarvão no solo ao invés de queimá-lo como uma fonte de energia (o que a maioria de empresas faz), a bioenergia poderá se tornar-se uma indústria de carbono-negativo, i.e., que promove a remoção de carbono da atmosfera. O biocarvão que retorna ao solo não somente assegura a saúde em plantações de bioenergia mas também reduz as emissões de gases de efeito estufa por um adicional de 12 a 84 %.</p> <p>Comparado com a produção de etanol, a pirólise que produz biocarvão e bioenergia dos gases é muito menos cara, disse Lehmann, quando o material orgânico de entrada é composto de dejetos de animais, de municípios ou de florestas coletados para a prevenção de incêndios.</p> <p>Lehmann disse que como o valor do dióxido de carbono em mercados de carbono aumenta, "nós calculamos que o sequestro de biocarbono junto com a bioenergia da pirólise é economicamente atraente pois o valor das emissões evitadas de dióxido de carbono alcança US$37 por tonelada". Atualmente, a Chicago Climate Exchange negocia dióxido de carbono a US$4 por tonelada; projeta-se que que o preço subirá entre US$25 e US$85 por tonelada no próximo anos.</p>ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-36601098346751985552007-05-11T08:22:00.000-03:002007-05-11T08:30:29.301-03:00Devastação pela Metade Reduz em 12% Emissão de CarbonoUma redução de 50% na taxa de desmatamento de florestas tropicais até 2050, e a manutenção desse nível até 2100, pode evitar a emissão de 50 bilhões de toneladas de carbono neste século, o equivalente a 12% do total de reduções que deve ser alcançado para diminuir os danos do aquecimento global. O número, apresentado hoje por um equipe internacional de pesquisadores na revista <a href="http://www.sciencemag.org">Science</a> (publicado on-line em 10 de maio de 2007), fortalece as propostas de criação de um mercado internacional que incentive financeiramente a redução do desmatamento nos países tropicais.<br /><br />Só na década de 90, a destruição de florestas tropicais foi responsável por uma emissão anual de 1,5 bilhão de toneladas de carbono, ou quase 20% das emissões de gases-estufa, de acordo com dados do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU. 'Acreditamos que essa redução é factível do ponto de vista econômico, ao mesmo tempo que é significativa para o clima', explica o climatologista Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e co-autor do artigo. Ele defende que uma política de desmatamento evitado é particularmente viável para o Brasil, podendo chegar a até 70% ou 80% dos níveis atuais de desmatamento. 'Considerando as áreas que já foram derrubadas na Amazônia, mas que estão abandonadas ou são mal aproveitadas, não há justificativa para desmatar muito mais para a agropecuária', diz.<br /><br />Os pesquisadores lembram no artigo que reduzir o desmatamento não apenas evita lançar na atmosfera o carbono armazenado nas árvores como também ajuda a reduzir os impactos das mudanças climáticas nas áreas remanescentes de floresta. Como exemplo eles citam o ciclo do El Niño entre os anos de 1997 e 1998. 'A experiência demonstrou como mudanças climáticas podem interagir com mudanças no uso da terra e colocar grandes áreas da floresta em risco', escrevem.<br /><br />Fonte: Estadão (Giovana Girardi)ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-29879416382116591932007-05-08T09:13:00.000-03:002007-05-08T09:45:43.494-03:00Emissão de Metano por Plantas em Xeque<p class="MsoNormal">Em artigo publicado na Nature em janeiro de 2006, <a href="http://www.nature.com/nature/journal/v439/n7073/abs/nature04420.html">Keppler et al.</a> do Max Planck sugerem que as plantas seriam capazes de emitir metano para a atmosfera. O metano seria supostamente formado por processos aeróbicos e as estimativas globais de emissão seriam da ordem de 62–236 Tg CH<sub>4</sub>/ano, equivalente às emissões naturais (<a href="http://dx.doi.org/10.1016/S0012-8252%2801%2900062-9">Wuebbles e Hayhoe, 2002</a>).</p> <p class="MsoNormal">No entanto, acaba de ser divulgado um artigo na revista New Phytologist, assinado por <a href="http://www.blackwell-synergy.com/doi/abs/10.1111/j.1469-8137.2007.02103.x">Dueck et al. (2007)</a>, mostrando que não há qualquer evidencia de emissão aeróbica e tudo se tratava muito possivelmente de um artifício do método empregado pelo grupo do Max Planck. O problema deve estar na ocorrência de difusão simples de CH<sub>4</sub> do intersticio celular das plantas para o exterior. Em primeiro lugar, porque os fluxos medidos por Keppler et al. eram muito pequenos, da ordem de nanogramas, e aumentavam linearmente com a temperatura. Em segundo lugar, as plantas eram mantidas em equilíbrio com a atmosfera, que apresenta cerca de 2 ppm de CH<sub>4</sub>, <span style=""> </span>e em seguida submetidas a uma atmosfera desprovida de CH<sub>4</sub>, originando assim um (gradiente) processo de difusao do interior da planta para fora dela, proporcional a temperatura.</p> <p class="MsoNormal">Com isso, a comunidade científica, desconcertada com o trabalho da Nature, agora tem fortes evidências de que as plantas são na verdade benéficas e ajudam a combater o efeito estufa através da remoção de CO<sub>2</sub> da atmosfera, somente. </p>ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-61653742726184341982007-05-07T09:31:00.000-03:002007-05-07T09:35:38.216-03:00Declínio do Gelo Ártico: Mais Rápido do Que Previsto?De 1953 a 2006, a extensão do gelo ártico ao final do período de degelo em setembro tem declinado fortemente. Apesar de todos os modelos utilizados na elaboração do Quarto Relatório (AR4) do IPCC mostrarem um declínio do gelo ártico, nenhum deles reproduz o padrão observado na natureza. Partindo da hipótese que a média de todas as simulações fornece uma representação a curada das mudanças climáticas induzidas pela natureza e pelo homem no Ártico, Stroeve e colaboradores sugerem, na edição de 01 de maio de 2007 da revista <a href="http://www.agu.org/journals/gl/">Geophysical Research Letters</a> (GRL), que de 33 a 38% do padrão observado em setembro é causado pelas emissões antrópicas de gases de efeito estufa. Se apenas os últimos 27 anos forem levados em conta, esta estimativa se eleva para 47 a 57%. Considerando que de um modo geral todos os modelos ainda subestimam a perda de gelo, os autores acreditam que o Ártico deverá estar totalmente livre de gelo bem antes das previsões do IPCC, que vão de 2050 a bem depois de 2100.ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-23010787724297940402007-05-03T16:59:00.001-03:002007-05-03T16:59:44.454-03:00Papel Vital Dos Satélites Em Compreender O Ciclo Do CarbonoO ciclo de carbono global tem um papel vital na mudança do clima e é de grande importância aos tomadores de decisão, mas ainda persistem falhas em sua total compreensão. Diversos cientistas no Simpósio do Envisat esta semana destacaram projetos de pesquisa usando satélites da ESA (Agência Espacial Européia) para compreender melhor este processo complexo.<br /><br /><!-- IMAGE BEGIN --><div class="image"><img src="http://www.sciencedaily.com/images/2007/04/070425105132.jpg" alt="" height="161" width="300" /><br /><em>A concetração do dióxido </em><em>de carbono </em><em>e do oxigênio derivada do SCIAMACHY. O instrumento SCIAMACHY da Envisat é o primeiro sensor no espaço capaz de medir os mais importantes </em><em>gases </em><em>de efeito estufa com </em><em>elevada </em><em>sensibilidade até a superfície da terra pois observa o espectro da luz solar através da atmosfera 'no nadir ' numa escala global. (crédito: Buchwitz, IUP/IFE, Univ. Bremen)<br /><br /></em></div><!-- IMAGE END --><p>O número total de átomos de carbono na terra é fixo – eles são trocados entre o oceano, a atmosfera, a terra e a biosfera. O fato de que as atividades humanas estão bombeando dióxido de carbono adicional na atmosfera, pela queima de combustível fóssil e pelo desflorestamento, já é bem sabido. Por causa disso, as concentrações atmosféricas do dióxido de carbono são hoje mais elevadas do que foram há meio milhão de anos. Os cientistas estão usando agora instrumentos a bordo de satélites para encontrar sumidouros e fontes de CO<sub>2</sub> no oceano e na terra.</p><p> Na terra e no mar, as plantas usam a fotossíntese para converter a luz solar em energia química. Elas acumulam o dióxido de carbono durante a fotossíntese armazenando-o em seus tecidos, funcionando como sumidouros de carbono. </p><p>O Dr. Nadine Gobron do Centro de Pesquisa da Comissão Mista Europeu (EC-JRC) em Ispra, Itália, está combinando observações multispectrais diárias do Espectrômetro de Imageamento de Média Resolução do Envisat (MERIS) com um algoritmo sofisticado para revelar a atividade global da fotossíntese na Terra. </p><p>A fração da radiação solar incidente útil para a fotossíntese que é realmente absorvida pela vegetação – um valor conhecido como a fração da radiação fotossinteticamente ativa absorvida (FAPAR) – é reconhecida como uma variável essencial do clima por organizações internacionais como o Sistema de Observação Global do Clima (GCOS). A FAPAR é usada regularmente em modelos de diagnóstico e previsão para computar a produtividade primária dos dosseis da vegetação.</p><p>O produto operacional FAPAR do MERIS é derivado com o algoritmo do JRC, que foi projetado para explorar as medidas espectrais diárias do MERIS nas faixas do azul, vermelho e infravermelho-próximo sem qualquer conhecimento prévio da cobertura da Terra. </p><p> Esta metodologia envolve uma aproximação física que pode ser adotada gerando um produto biofísico dos vários sensores óticos de resolução média. O algoritmo usado permite aos cientistas derivar um produto biofísico equivalente a outros satélites dotados de sensores ópticos, mesmo aqueles desativados, para assegurar a disponibilidade de uma longa série de dados de FAPAR global, essencial para avaliar tendências ambientais, guiar políticas e suportar atividades de desenvolvimento sustentável. </p><p> “Os produtos da demonstração na escala global estão disponíveis e prontos para serem usados nos Sistemas Avançados de Assimilação de Dados de Carbono (CCDAS) para melhor compreender o papel da biosfera no ciclo global do carbono”, disse Gobron. </p><p> O fitoplâncton, plantas marinhas microscópicas que derivam na zona superficial do mar, absorve o dióxido de carbono atmosférico com a fotossíntese como seus primos ‘terrestres’ . Apesar de ser individualmente microscópico, a clorofila do fitoplâncton tinge coletivamente as águas do oceano, fornecer meios de detectar no espaço estes organismos minúsculos com os sensores dedicados da cor do oceano, tais como MERIS.</p><p>O Dr. Michael Buchwitz do Instituto de Física Ambiental (IUP) da universidade de Bremen na Alemanha apresentou as medidas globais do dióxido de carbono baseadas em observações do instrumento SCIAMACHY a bordo do Envisat de 2003 a 2005.</p><p> O SCIAMACHY (Espectrômetro de Varredura de Imagem de Absorção para Cartografia Atmosférica) é o primeiro sensor no espaço capaz de medir os mais importantes gases de efeito estufa com alta sensibilidade até a superfície da Terra porque observa o espectro da luz solar através da atmosfera ‘no nadir’ em escala global. </p><p> Buchwitz explicou que ele e seus colegas mediram pela primeira vez o dióxido de carbono absoluto (a coluna de CO2) em número de moléculas do CO<sub>2 </sub>por unidade de área acima da superfície da Terra. Então, eles medem o oxigênio (a coluna de O2) que pode facilmente ser convertida ‘em uma coluna do ar’. </p><p> Como visto na imagem acima, ambas as figuras são essencialmente idênticas, conforme era esperado. </p><p>“Há, entretanto, as mínimas diferenças entre fontes e sumidouros de CO<sub>2 </sub>e estas são as informações que nós estamos interessados ,” disse Buchwitz . “Para ver isso, nós computamos a razão CO<sub>2</sub>/O<sub>2 </sub>que pode ser convertida em uma concentração média da coluna do CO<sub>2</sub>.”<br /></p>Dr. Paul Monks da universidade de Leicester vem usando dados do SCIAMACHY para medir quanto CO<sub>2 </sub>está sendo absorvido por plantas. Usando 20.000 medidas individuais por mês, está monitorando CO<sub>2</sub> na Sibéria, America do Norte e o norte da Europa.<br /><br /><p> De acordo com Monks, esta visão do espaço está fornecendo a primeira evidência da Terra ‘que respira’ permitindo aos cientistas testemunhar a biologia que extrai o CO<sub>2</sub> durante o crescimento e então liberar uma parte de volta para a atmosfera.<br /></p><p>“A novidade emocionante desta nova fonte de dados é que nós começamos a poder olhar os trópicos, que são ‘os pulmões’ do sistema atmosférico,” disse Monks. “Usando estes dados, nós estamos podendo avaliar quão eficientes são os trópicos na modulação do carbono e como os bio sistemas tropicais estão mudando com tempo devido aos efeitos da mudança do clima.”</p><p> Comparando os dados de satélite aos dados de avião e dados locais na superfície, Monks definiu um método o qual ele e seus colegas estão usando para aproximar a precisão ao redor de 1%, dando-lhes confiança nas medidas obtidas no espaço. </p><p>Quanto mais compreendidos todos os parâmetros envolvidos no ciclo de carbono, os cientistas podem melhor prever a mudança do clima, assim como melhor avaliar os tratados internacionais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, tais como o protocolo de Quioto que se dirige à redução de seis gases de efeito estufa incluindo o dióxido de carbono. </p> <em></em><em><span style="text-decoration: underline;">Fonte: </span></em><em style="color: rgb(255, 255, 255);"><a href="http://www.sciencedaily.com/" style="text-decoration: none;">Science Daily</a></em><em style="color: rgb(255, 255, 255);"></em>ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-23474475623323393902007-04-30T09:00:00.000-03:002007-04-30T09:07:59.205-03:00Florestas Nem Sempre Combatem o Aquecimento GlobalA prevenção do desflorestamento e a promoção do reflorestamento são freqüentemente citadas como estratégias para desacelerar o aquecimento global. Na edição de 9 de abril da revista <a href="http://www.pnas.org">Proceedings of the National Academy of Sciences</a>, G. Bala e colaboradores, da Lawrence Livermore National Laboratory, da Carnegie Institution e da Universidade de Montpellier II, mostram que as coisas são um pouco mais complicadas. Desflorestamento libera dióxido de carbono para a atmosfera, o que tende a aquecer o clima da terra. Entretanto, efeitos biofísicos do desflorestamento, o que inclui mudanças no albedo superficial, evotranspiração, e cobertura de nuvens também afetam o clima. <br /><br />Para verificar o efeito líquido de todos estes efeitos combinados, os pesquisadores analisaram os resultados de vários experimentos de desflorestamento em grande escala, realizados em conjunto com simulações tridimensionais de modelos acoplados do ciclo de carbono e do clima. Estes modelos representavam as interações físicas e biogeoquímicas entre continentes, atmosfera e oceanos. Paradoxalmente, os resultados mostraram que desflorestamento em escala global tem um efeito líquido de resfriamento no clima da terra, devido a mudanças no albedo e na evotranspiração. Experimentos de desflorestamento em diferentes latitudes mostraram que projetos de reflorestamento nos trópicos seriam claramente benéficos para mitigar o aquecimento global; no entanto, estes seriam contraprodutivos se implementados em altas latitudes, e ofereceriam ganhos apenas marginais se realizados em regiões temperadas. <br /><br />Apesar destes resultados questionarem a eficácia de projetos de reflorestamento em regiões de latitude média ou alta, os autores alertam que as florestas, mesmo fora dos trópicos, ainda permanecem fontes de recursos ambientalmente valiosos, não necessariamente relacionados ao clima.ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-73824597643022452652007-04-25T10:25:00.000-03:002007-04-25T11:11:26.759-03:00Resfriamento Oceânico? NãoMuito falou-se sobre um trabalho (<a href="http://www.pmel.noaa.gov/~lyman/Pdf/heat_2006.pdf">Lyman et al, 2006</a>) que foi publicado <a href="http://www.realclimate.org/index.php/archives/2006/08/ocean-heat-content-latest-numbers/">no ano passado</a> que afirmava que os oceanos, ao contrário de todas as expectativas, haviam se resfriado no período de 2003 a 2005. Naquela época, nós (corretamente) apontamos que este resultado seria difícil de ser conciliado com as contínuas elevações do nível dos mares (ocasionados em grande parte por efeitos de expansão térmica), e que havia problemas na maneira como as novas <a href="http://www-argo.ucsd.edu/index.html">bóias ARGO</a> estavam sendo incorporadas na rede de medidas. Agora parece que de fato há um problema com os dados e nas <a href="http://oceans.pmel.noaa.gov/Pdf/heat_2006.pdf">últimas análises</a>, o resfriamento desapareceu.<br /><br />Mudanças no conteúdo calórico dos oceanos são <a href="http://www.realclimate.org/index.php/archives/2005/02/why-looking-for-global-warming-in-the-oceans-is-a-good-idea/">potencialmente</a> uma ótima maneira de avaliar <a href="http://www.realclimate.org/index.php/archives/2005/05/planetary-energy-imbalance/">resultados de modelos climáticos</a> que sugerem que o planeta está atualmente fora de equilíbrio (isto é, está absorvendo mais energia que emitindo). Entretanto, os oceanos são muito extensos e as redes de medidas históricas estão infestadas com problemas de amostragem no tempo e espaço. Compilações de longa duração e em grandes escalas globais (como as de Levitus et al, 2001; Willis et al, 2004) e regionais (i.e. <a href="http://www.agu.org/pubs/crossref/2006/2006GL027691.shtml">Atlântico Norte</a>) indicaram que os oceanos aqueceram-se em décadas recentes mais ou menos na taxa esperada pelos modelos. <br /><br /><a href="http://www-hrx.ucsd.edu/www-argo/status.gif" target=_blank><img src="http://www-hrx.ucsd.edu/www-argo/status.gif" align=right width=50% /></a>Desde 2000, entretanto, ARGO – que é uma rede de bóias que se movem para cima e para baixo nos oceanos e seguem as correntes – ofereceram o potencial de aumentar dramaticamente a densidade de amostragem nos oceanos e de fornecer, pela primeira vez, dados contínuos e bem espaçados das regiões menos visitadas mas muito importantes do planeta (como os oceanos do sul). Dados sobre o conteúdo calórico dos oceanos eram conseqüentemente ansiosamente esperados. <br /> <br />Medidas iniciais ARGO foram incorporadas na análise de 2004 de Willis et al, mas a medida que os dados ARGO passaram a dominar as fontes de dados em torno de 2003, Lyman et al relataram que os oceanos pareciam estar se resfriando. Estas eram apenas mudanças de curto prazo, e enquanto poucos iriam confundir um ou dois anos anômalos com uma tendência de longo prazo, elas eram um pouco surpreendentes, mesmo considerando que o panorama de longo prazo era pouco modificado.<br /><br />A notícia esta semana é, no entanto, que todo aquele ‘resfriamento’ era na realidade devido à combinação de uma leitura de pressão defeituosa num subconjunto das bóias e a uma troca entre sistemas de observação com diferentes tendências. (<strong>Atualização:</strong> leve mudança no palavreado para melhor refletir o paper). O erro na pressão significou que as temperaturas estavam sendo associadas com um ponto mais elevado na coluna oceânica do que deveria ser, e isto (dado que o oceano resfria-se com a profundidade) introduziu uma tendência de resfriamento espúria quando comparada com dados anteriores. Este erro pode ser corrigido em alguns casos, mas por enquanto os dados suspeitos foram simplesmente retirados da análise. Os novos resultados não mostram assim nenhum resfriamento. <br /><br />Está tudo então no lugar novamente? Infelizmente não. Por causa da escassez de dados, levantamentos do conteúdo calórico dos oceanos devem utilizar uma ampla variedade de sensores, cada um com suas próprias peculiaridades e problemas. Tudo isto combinado com mudanças nas fontes de dados ao longo dos anos, há então um grande potencial para tendências não-climáticas aparecerem. Em particular, os eXpendable BathyThermographs (XBTs – sensores que são simplesmente jogados de um navio) têm um problema conhecido no fato de que estes não caem tão depressa quanto supostamente deveriam. Isto gera uma tendência de aquecimento (veja este <a href="http://www.iges.org/c20c/workshops/200703/ppt/Ingleby.ppt ">resumo </a>de Ingleby e Palmer ou o trabalho de <a href="http://www.agu.org/pubs/crossref/2007/2006GL027834.shtml">Gouretski e Koltermann</a>), particularmente nos dados dos anos 70, antes das correções terem sido plenamente implementadas. Nós teremos ainda que esperar pelos números ‘definitivos’ do conteúdo calórico dos oceanos, entretanto, é importante notar que <i>todas</i> as analises fornecem tendências de aquecimento no longo prazo – particularmente nos anos 90 – seja se elas incluem os dados ARGOS bons ou excluem as XBTs ou não). <br /><br />Há aqui um número de importantes lições a serem tiradas:<br /> <ul><br /> <li> Novos trabalhos científicos devem passar pelo teste do tempo antes de serem aceitos sem nenhuma crítica.</li><br /> <li> Os dados de bóias ARGO estão disponíveis em tempo quase real, e apesar disto ser extremamente útil, todo conjunto de dados deste tipo é sempre preliminar.</li><br /> <li> O problema real com estes dados era completamente desconhecido quando Lyman et al escreveram seu artigo. Este fato é muito comum dado o número de etapas necessárias para criar conjuntos de dados globais. Seja um ajuste na órbita de um satélite, a descalibração de um sensor, um desvio despercebido na localização de uma estação, a degradação de um armazenador de dados ou um erro humano, estes problemas são frequentemente corrigidos apenas após muito trabalho. </li><br /> <li>Resultados anômalos são frequentemente responsáveis por mudanças fundamentais no pensamento científico. Entretanto, a maior parte dos resultados anômalos terminam por serem explicados de uma maneira muito mais simples (como no caso em questão, ou o <a href="http://www.realclimate.org/index.php/archives/2005/08/et-tu-lt/">caso do satélite MSU</a> há alguns anos). </li><br /></ul><br />Cientistas que trabalham num determinado campo de atividades desenvolvem uma certa intuição a respeito de como as coisas ‘funcionam’. Esta intuição vem de um certo faro, um profundo conhecimento teórico, resultados robustos de modelos, uma longa experiência com observações, etc. Novos resultados que caem fora dos padrões pré-estabelecidos freqüentemente enfrentam dificuldades para serem aceitos, mas se eles são sólidos e obtêm apoio subseqüente, eles geralmente são incorporados. Mas aquela intuição é também muito boa para detectar resultados que simplesmente não se encaixam. Quando isto acontece, cientistas gastam muito tempo pensando no que pode ter dado errado – com os dados, a análise, o modelo ou a interpretação. Geralmente é recompensador não emitir nenhum julgamento até que este processo tenha terminado.<br /><br />Fonte: <a href="http://www.realclimate.org">RealClimate</a>ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-20737820762050709632007-04-18T19:02:00.000-03:002007-04-18T19:17:10.603-03:00O Álcool Brasileiro no Conselho de Segurança da ONUPassou despercebida esta pequena nota publicada no edição de hoje (18 de abril de 2007) do <a href="http://www.estadao.com.br">Estadão</a>. Na nossa opinião, entretanto, ela demonstra de modo cristalino a enorme importância que os EUA estão dando à questão da utilização do alcool brasileiro. Se o Brasil souber aproveitar de modo inteligente (isto é, sem destruir a Amazônia, o que resta do Cerrado, etc) esta oportunidade única poderemos finalmente deixar para trás 500 anos de subdesenvolvimento.<br /><br />"O Conselho de Segurança da ONU debateu ontem mudanças climáticas pela primeira vez. O encontro foi marcado por divergências entre o Reino Unido e a China, que insiste que o órgão não tem competência para lidar com o tema. Segundo os britânicos, a falta d'água que deverá se agravar com o aquecimento da Terra é uma ameaça à segurança mundial. Os EUA, que relutam em debater a questão, citaram o acordo do álcool com o Brasil como uma de suas principais ações na área."ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-18795335562275998012007-04-17T12:39:00.000-03:002007-04-17T13:36:58.351-03:00Nova Cobertura de Satélite na América do Sul Auxiliará Limitar Efeitos de Desastres Naturais<p class="first"><em></em>Sul-americanos e milhões do hemisfério oeste estão sendo beneficiados pela reposição do satélite GOES-10 da NOAA designado para auxiliar a diminuição dos efeitos de desastres naturais na região. Foi recentemente anunciado o sucesso no lançamento do satélite já em órbita.<br /><!-- Originally posted on ScienceDaily 2007-04-17 --></p> <!-- IMAGE BEGIN --><div class="image"><img src="http://www.sciencedaily.com/images/2007/04/070415122022.jpg" alt="" height="275" width="300" /><br /><em>Imagem do satélite da NOAA GOES-10 para o monitoramento da América do Sul. (Crédito: NOAA)</em></div><!-- IMAGE END --> <p>"O reposicionamento do GOES-10 fornece vigília constante sobre as condições atmosféricas que disparam situações de tempo severas, e estou satisfeito que os Estados Unidos podem fortalecer a qualidade e a quantidade de dados disponíveis aos nossos parceiros da América Latina," afirmou o Vice-Almirante da reserva da Marinha Americana Dr. Conrad C. Lautenbacher, subsecretário de comércio para os oceanos e atmosfera da administração da NOAA. </p><p>A mudança do GOES-10 é parte do emergente GEOSS nas Américas, uma iniciativa do Hemisfério Oeste designada p-ara avançar os Sistemas de Sistemas de Observação Global da Terra, ou GEOSS (sigla em inglês). Através dessa empreitada, a NOAA explora parcerias com países e organizações científicas nas Américas e no Caribe para compartilhar observações da Terra e desenvolver e fortalecer redes de dados. Nações do Hemisfério Oeste irão trabalhar juntas para assegurar que os dados do satélite sejam disseminados e treinamento será disponível para tornar o uso completo dessa nova informação. </p><p>"O satélite está funcionando bem e pronto para a estação de furacões," disse o Dr. Gilberto Câmara, Diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) no Brasil. "No passado, a cobertura tinha que ser interrompida durante furacões e outros eventos de tempo severos nos Estados Unidos. Agora os sul-americanos irão dispor de uma cobertura contínua do satélite. Não seremos mais deixados no escuro."</p><p>Os satélites GOES da NOAA orbitam o Equador da Terra a uma velocidade que equivale à da rotação do planeta, permitindo a eles manterem-se suspensos numa mesma posição. Eles fornecem aos cientistas medições do tempo detalhadas e imageamento freqüente usados para desenvolver previsões de curto-prazo que ajudam a proteger a vida e o suporte à vida. Na América do Sul, a nova cobertura do satélite já tem mostrado impactos. No dia 8 de março, por exemplo, a Argentina conseguir traçar o desenvolvimento de baixa pressão e então precisamente anunciar um alerta de fortes chuvas que ajudaram a salvar várias vidas em Buenos Aires e outras áreas densamente povoadas. A nova cobertura também tem contribuído para otimizar a detecção de incêndios na floresta amazônica no oeste do Brazil.</p><p>Além disso, o GOES-10 está fornecendo à América do Sul imagens do sistema da atmosfera duas vezes mais freqüente que antes. A América do Sul agora recebe coberturas ainda mais ao sul, mais próximas do Pólo Sul, com imagens a cada 15 minutos. A História tem provado que há uma necessidade vital para o melhoramento de avisos que essa informação adicional deverá fornecer. Durante os anos da década de 90 no século passado na América do Sul, os desastres naturais causaram aproximadamente 70 mil mortes, e mais da metade ocorreram por inundações. Tempestades, ciclones, furacões e deslizamentos de terra causaram outros 20% das mortes. Em Maio de 2003, a maior inundação em 500 anos atingiu a região norte-central da Argentina, refugiando mais de 100 mil pessoas e causando prejuízos de 1 bilhão de dólares. </p><p>No Hemisfério oeste, nove países estão trabalhando com parceiros globais para consolidar o GEOSS, incluindo Argentina, Brasil, Belize, Canadá, Chile, Honduras, México, Paraguai and os Estados Unidos. Mais países deverão integrar a parceria no fim do ano. Nos Estados Unidos, 15 agências federais e três secretarias da Casa Branca estão engajados no desenvolvimento da componente americana do GEOSS. O objetivo da integração de sistema dos sistemas é fornecer obervações da Terra compreensíveis, coordenadas e sustentadas de milhares de instrumentos ao redor do mundo, transformando os dados adquiridos em uma gama de benefícios sociais que estendem à saúde pública, energia, agricultura, clima e previsão de tempo, entre outros.</p> <p><em>Nota: Esta história foi adaptada de uma notícia da National Oceanic & Atmospheric Administration (NOAA). Adaptado de<span style="color: rgb(255, 255, 255);"> </span></em><em style="color: rgb(255, 255, 255);"><a href="http://www.sciencedaily.com/" style="text-decoration: none;">Science Daily</a>.</em></p>ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-4300737257041269902007-04-14T10:11:00.000-03:002007-04-16T13:02:18.225-03:00Surgimento e Desaparecimento de Climas Devido ao Aquecimento GlobalO clima é a principal influência na distribuição de espécies e no funcionamento de ecossistemas. Assim, o desaparecimento de climas atuais e o surgimento de novos padrões climáticos no futuro podem ter profundas conseqüências ecológicas. John Williams e colaboradores, das Universidades de Wisconsin e Wyoming, em trabalho publicado nos <a href="http://www.pnas.org/">Proceedings of the National Academy of Sciences</a> (03 de abril de 2007), procuraram prever a distribuição de novos climas bem como daqueles em vias de desaparecimento em 2100, utilizando os cenários de emissões A2 e B1 do recente relatório do IPCC. No cenário A2 (extremo), 39% e 48% da superfície terrestre vão experimentar um novo clima ou um clima em extinção, respectivamente. Mudanças climáticas no cenário B2 (moderado) afetariam 20% do planeta, em ambos os casos.<br /><br />Novos climas surgirão nas regiões tropicais e subtropicais, com as maiores mudanças previstas para as florestas úmidas da Amazônia e da Indonésia. Em contraste, o desaparecimento de climas se concentrará nas montanhas tropicais, como os Andes peruanos e colombianos, e nas regiões continentais mais próximas dos pólos, áreas anteriormente identificadas como<span style="font-style: italic;"> hot-spots</span> de biodiversidade. Williams <span style="font-style: italic;">et al</span> observam que estes climas novos e em desaparecimento devem aumentar a extinção de espécies, promover a formação de novas associações de espécies e desafiar as tentativas de previsão de impacto ecológico.ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-84600908168516191482007-04-13T16:45:00.000-03:002007-04-16T13:01:58.106-03:00Brasil Terá Rede de Pesquisa Sobre Mudanças Climáticas<span lang="PT-BR">“O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, afirmou no dia 5 de abril que o governo deve criar em 30 dias uma rede de instituições de pesquisas para subsidiar as decisões brasileiras contra as mudanças climáticas.<br /><br />“Essa rede vai envolver pesquisa em vários temas de mudanças climáticas e vamos produzir resultados que vão contribuir para que o país possa tomar decisões em termos de contribuir para o não-agravamento das condições climáticas do país”, explicou.<br /><br />Segundo ele, a rede será criada por meio de decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e é uma das medidas do plano nacional de combate às mudanças climáticas. A posposta está sendo elaborada por representantes dos Ministérios do Meio Ambiente, da Ciência e Tecnologia, e das Relações Exteriores.”<br /><br /></span><span style="color: rgb(255, 255, 255);" class="assinatura1"><span lang="PT-BR">Juliana Andrade</span></span><span lang="PT-BR"><span style="color: rgb(255, 255, 255);">/</span><span class="assinatura1"><span style=""><span style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="color: rgb(255, 255, 255);">Agência Brasil</span><br /></span><o:p></o:p></span></span></span><br /><span class="assinatura1"><span style="" lang="PT-BR"><span style="color: rgb(102, 102, 102);"><span style="color: rgb(255, 255, 255);">Matéria Completa </span></span><a style="color: rgb(255, 255, 255);" href="http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/04/05/materia.2007-04-05.1927067329/view">Aqui</a></span></span>ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-75607223073911864152007-04-13T13:26:00.000-03:002007-04-14T10:26:45.814-03:00O Relatório do IPCC: A Mudança do Clima Deve Ser Muito Forte na América Latina E no Caribe<p class="MsoNormal">O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) finalizou sua avaliação do presente e dos futuros impactos da mudança do clima, e concluí que rios, lagos, fauna, geleiras, zonas litorais e muitos outros elementos do ambiente físico natural em todo o mundo mostram os efeitos distinguíveis de aquecimento global causado pelo ser humano.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">A respeito da América Latina (AL), uma região altamente heterogênea em termos de clima, ecossistemas, distribuição da população humana e tradições culturais, os relatórios do IPCC declaram que eventos extremos altamente raros desde 1992 e até agora em várias regiões da AL, com impactos negativos nas populações, têm aumentado a mortalidade e a morbidez nas áreas afetadas.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">A conclusão do IPCC informa que na AL e no Caribe há várias evidências de aumentos em eventos extremos climáticos e mudança de clima, e que a freqüência de eventos extremos de clima e tempo seja bem possível de aumentar.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Em 2050, a população na AL pode chegar a ser 50% maior que em 2000, e a migração do interior de países às cidades continuará.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">As previsões de mudanças devem muito provavelmente afetar severamente vários ecossistemas e setores pela:</p> <p class="MsoNormal"><span style=""> </span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""> </span>* Diminuição da diversidade de espécies de plantas e animais, e mudança da composição de ecossistemas e distribuição de biomassa.</p> <p class="MsoNormal"><span style=""> </span>* Derretimento das geleiras tropicais no futuro próximo (2020-2030).</p> <p class="MsoNormal"><span style=""> </span>* Redução da disponibilidade de água e da geração de hidreletricidade.</p> <p class="MsoNormal"><span style=""> </span>* Desertificação e aridez crescentes.</p> <p class="MsoNormal" style="margin-left: 21.3pt; text-indent: -21.3pt;"><span style=""> </span><span style=""> </span>* Ação severamente negativa sobre as pessoas e seus recursos e atividades econômicas em regiões litorâneas.</p> <p class="MsoNormal"><span style=""> </span>* Aumento de pragas e doenças em agroecossistemas.</p> <p class="MsoNormal"><span style=""> </span>* Mudança na distribuição de doenças humanas e emergência de novas. </p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Questões chaves:</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p style="font-weight: bold;" class="MsoNormal">Mudança climática e variabilidade</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Eventos extremos têm afetado severamente a região da AL em anos recentes. Durante as últimas décadas, mudanças importantes na precipitação e aumentos de temperatura foram observados, e o aquecimento médio projetado para a AL no fim do século, de acordo com diferentes modelos de clima, varia de 1 a 4° C ou 2° a 6°.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Um aumento de temperatura em aproximadamente 1°C na América Central e na América do Sul, e de 0,5° no Brasil foi registrado. Sobre as três décadas passadas, a AL foi submetida a impactos relacionados ao clima como o aumento da ocorrência de El Niños. Dois episódios extremamente intensos do fenômeno El Niño (1982-83 e 1997-98) e outros aumentos de extremos climáticos ocorreram durante este período, contribuindo fortemente à vulnerabilidade de sistemas humanos a ocorrência de desastres naturais (inundações, secas, desmoronamentos).</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">A ocorrência de desastres ligados ao clima tem aumentado em 2,4 vezes entre os períodos 1970-1999 e 2000-2005, na tendência observada durante os anos 1990. Somente 19% dos eventos foram quantificados economicamente entre 2000 e 2005, representando perdas de perto de 20 bilhões de dólares. Além do clima e do tempo, os principais causadores do aumento da vulnerabilidade são as pressões demográficas, crescimentos urbanos não regulados, pobrezas e migrações rurais, investimentos baixos em infraestruturas e serviços, e problemas em coordenações inter-setoriais.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Os desmoronamentos são gerados por intensos/persistentes eventos de precipitação e tempestade. Além disso, na AL eles estão associados ao desflorestamento e a falta de planejamento da terra e de sistemas de alerta de desastres. Muitas cidades latino americanas, já vulneráveis aos desmoronamentos de lama, deverão muito possivelmente sofrer a acentuação de eventos extremos com crescentes riscos/perigos para as populações locais.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">As comunidades mais pobres estão entre as mais vulneráveis aos eventos extremos, e algumas destas vulnerabilidades são causados pela sua localização no caminho de furacões (cerca de <span style=""> </span>8,4 milhões de pessoas na América Central), em terras instáveis, em assentamentos precários, em terras baixas, e em lugares afetados por inundações de rios.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p style="font-weight: bold;" class="MsoNormal">Ecossistemas naturais</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Florestas tropicais da AL, particularmente a da Amazônia, estão cada vez mais suscetíveis às ocorrências de fogo devido ao aumentado de secas ligados ao El Niño e às mudanças no uso da terra (desflorestamento seletivo e fragmentação da floresta).</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Os manguezais localizados em áreas litorais de baixo nível são particularmente vulneráveis à elevação do nível do mar, das temperaturas médias, e freqüência e intensidade de furacões, especialmente no México, América Central e regiões continentais caribenhas.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">O aumento de chuva no Sudeste-Sul do Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina e em algumas partes de Bolívia tem impactos no uso de terra, no rendimentos de colheitas e no aumento da freqüência e intensidade de inundações. Por outro lado, uma tendência de queda na precipitação foi observada para o sul do Chile, sudoeste da Argentina, sul do Perú, e na América Central ocidental.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Em relação à terra, o relatório de IPCC diz que "quase três quartos da superfície terrestre deverão ser moderada ou severamente afetados por processos de degradação". Os efeitos combinados de ação humana e mudança do clima deverá resultar num declínio contínuo da cobertura natural da terra que continua a diminuir em taxas muito altas. Há evidências de que a queima de biomassa pode mudar as temperaturas regionais e as precipitações na parte sul da Amazônia. A queima de biomassa também afeta a qualidade regional de ar, com implicações na saúde humana.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p style="font-weight: bold;" class="MsoNormal">Agricultura</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">O impacto do ENSO (Oscilação Sul do El Niño) e a variabilidade relacionada ao clima no setor agrícola foram bem documentados no IPCC (2001). Resultados mais recentes incluem altos (baixos) rendimentos de trigo durante eventos de La Niña (El Niño) em Sonora, México.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Em 1990, a área total de floresta na AL era 1.011 Mha, e foi reduzida em 46,7 Mha em dez anos (UNEP 2003a). A expansão da fronteira agrícola, o gado, corte de árvores, financiamento de projetos de grandes escala como construção de represas para a geração de energia, colheitas ilegais, construção de estradas e aumentos de mercados comerciais foram as causas principais de desflorestamento (FAO, 2001a).</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">As mudanças de uso de terra intensificaram o uso de recursos naturais e acentuou muitos dos processos de degradação de terra. Por volta de 2050, 50% das terras agrícolas serão muito possivemente submetidas à desertificação e salinização, afetando 17 % das terras agrícolas na AL e na zona caribenha (FAO, 2004a). Além disso, os efeitos combinados de mudança do clima e mudança do uso da terra para a produção de alimentos são relacionados a uma maior degradação de terras e uma mudança nos padrões de erosão (FAO, 11 2001b).</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">No entanto, algumas medidas adaptativas como mudanças no habitual uso de terra, gerenciamento sustentável, mecanismos de seguros, irrigação, adaptação genotípica e mudanças no manejo de colheitas, deverão ser implementados no setor agrícola para enfrentar a mudança do clima. A diversificação econômica também, tem sido muito empregada como uma estratégia para administrar riscos (tanto climáticos como de mercados) e mostrou um sensível aumento em anos recentes.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Vários estudos usando modelos de simulação de colheitas e cenários futuros de clima foram executados na AL para safras anuais comerciais.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">De acordo com uma avaliação global, se os efeitos do CO<sub>2</sub> não são considerados, as reduções de rendimentos de grãos podem alcançar até 30% em 2080 sob o cenário mais quente, e há possibilidades de surgir cerca de 5, 26 e 85 milhões de pessoas famintas em 2020, 2050 e 2080, respectivamente; o Relatório do Banco Mundial (2002a) atesta que alguns países em desenvolvimento devem diminuir em 4-8% seu Produto Interno Bruto (PIB) por perda de produção e de capital ligada à degradação ambiental.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">A exigência de água para irrigação deverá crescer num clima mais quente, trazendo aumento de competição entre agricultura e abastecimento de água, assim como indústrias, tornando a prática agrícola mais cara. Sob condições de secas severas, as práticas agrícolas impróprias (desflorestamento, erosão, uso abusivo de agentes químicos) deteriorará a quantidade e a qualidade<span style=""> </span>de águas superficiais e subterrâneas.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Reduções generalizadas de rendimentos de arroz em 2020, assim como aumentos nos rendimentos de grão de soja são possíveis quando os efeitos do CO<sub>2</sub> são considerados. Por outro lado, o gado e produtividade de leite devem diminuir em resposta às temperaturas crescentes.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p style="font-weight: bold;" class="MsoNormal">Recursos hídricos</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Em termos globais, a AL é reconhecida como uma região com grandes recursos de água doce. No entanto, a distribuição espacial e temporal irregular destes recursos afeta sua disponibilidade e qualidade em regiões diferentes.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">A hidroenergia é a fonte principal de eletricidade para a maioria dos países da AL, mas é muito vulnerável às anomalias persistentes de larga escala das chuvas. Uma combinação de crescente demanda de energia e secas causaram um virtual colapso de hidrelectricidade na maioria do Brasil em 2001, o que contribuiu para uma redução do PIB em 1,5%.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Quase 13,9% da população na AL não tem nenhum acesso a abastecimento de água tratada, e 63% vive em áreas rurais (IDB, 2004). Muitas comunidades rurais contam com recursos limitados de água doce (superficial ou subterrânea) e muitos contam com água de chuva, usando métodos agrícolas que são muito vulneráveis às secas (IDB, 2004)</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">As vulnerabilidades atualmente observadas em muitas regiões de países da AL deverão aumentar pelo efeito negativo em conjunto de demandas crescentes devido a taxa de crescimento da população que necessita de abastecimento de água e irrigação de lavouras, e as condições esperadas de seca em muitas bacias hidrográficas. Portanto, levando em conta o número de pessoas que devem experienciar tensões sociais devido a queda da disponibilidade de água, há ainda um saldo positivo nos números de pessoas que deverão sofrer ainda mais com a falta de água.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">A tendência de redução de geleiras informado no IPCC (2001) está se acentuando, atingindo níveis críticos na Bolívia, Perú, Colômbia e Equador. Estudos recentes indicam que a maioria das geleiras sul americanas da Colômbia ao Chile e da Argentina (até 25ºS) reduzem drasticamente seu volume em ritmo acelerado. As mudanças na temperatura e umidade são as causas primárias para a redução observada nas geleiras durante a metade do século XX nos Andes tropical. Para os próximos 15 anos, as geleiras inter-tropicais deverão muito provavelmente desaparecer, afetando a disponibilidade de água e a geração de hidreletricidade.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">A falta de estratégias de adaptação na AL para enfrentar os perigos e riscos de inundações e secas é devido ao baixo PIB, a crescente população localizada em áreas vulneráveis (inundação, desmoronamento, seca) e a falta de estrutura tecnológica (fracamente desenvolvida), institucional e política. Não obstante, algumas comunidades e cidades organizaram-se, tornando-se mais ativas em relação à prevenção de desastres.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">O crescimento urbano acelerado, o aumento da pobreza e o baixo investimento em abastecimento contribuirá para 1) a falta de água em muitas cidades, <span style=""> </span>2) níveis altos de população urbana sem acesso a serviços de saneamento, 3) ausência de estações de tratamento, que contribui para a poluição de águas subterrâneas, 4) falta de sistemas urbanos de drenagem, que retém esgotos usados em tratamento do lixo doméstico, e 5) ocupação da planície de inundação sem controle durante estações de seca, e fortes impactos durante estações de inundação.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Por volta de 2020 o aumento do saldo líquido do número de pessoas experimentando tensão social por falta de água devido a mudança do clima pode chegar entre 7 e 77 milhões. Para a segunda metade do século, estes números podem alcançar entre 60 e 150 milhões.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p style="font-weight: bold;" class="MsoNormal">Litorais</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">O aumento esperado na elevação do nível do mar, a mudança de tempo e clima extremos devem afetar as áreas litorais. Durante os últimos 10-20 anos, a taxa de elevação do nível do mar aumentou de 1 a 2-3 mm/ano no sudeste da América do Sul. Em particular, a elevação do nível do mar deve afetar os recifes de corais do México, Belize e Panamá, e a situação de estoques de peixe no sudeste do Pacífico (litoral do Perú e Chile).</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Litorais de vários países da AL (ou seja, parte de Argentina, Brasil, Belize, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guiana, México, Panamá, El Salvador, Uruguai, Venezuela) e grandes cidades (Buenos Aires, Rio de Janeiro, Recife, etc.) estão entre os mais vulneráveis a mudança do clima e aos eventos hidro-meteorológicos extremos tal como chuva, tempestades e ciclones tropicais e subtropicais (furacões). A elevação do nível do mar (dentro do intervalo 10-20 cm/século) não é um problema principal ainda (apesar de que esse intervalo possa ser <a href="http://climagaia.blogspot.com/2007/04/os-nmeros-do-nvel-do-mar-do-ipcc.html">muito maior</a>), e há evidências de aceleração da taxa de elevação do nível do mar (até 2-3 mm/ano) sobre a década passada que sugere um aumento na vulnerabilidade de litorais, já submetidos a tempestades crescentes.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p style="font-weight: bold;" class="MsoNormal">Adaptação</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Vários países da AL desenvolveram medidas autônomas e planejadas de adaptação em resposta aos impactos atuais de mudança do clima em seus litorais. A maioria deles (i.e., Argentina, Colômbia, Costa Rica, Uruguai e Venezuela) focalizam sua adaptação na gerência integrada do litoral. O projeto ‘Planejando o Caribe para Adaptação a Mudança do Clima Global’ promove ações para avaliar a vulnerabilidade (especialmente concernente ao crescimento do nível do mar), e planos para adaptação e desenvolvimento de soluções apropriadas (CATHALAC, 2003). Desde 2000, alguns países têm melhorado a estrutura legal em questões relacionadas para estabelecer restrições de poluição do ar e para a regulamentação integrada do litoral e do mar.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Em Belize e na Guiana, a implementação de planejamento do uso da terra e imposto fortalece normas de infraestrutura, para um plano de gestão da zona litorâneas, para o ajuste de códigos de edifificações e melhores estratégias de mitigação de desastres (incluindo inundações e outros perigos) associados com considerações de mudança do clima na gestão cotidiana de todos os setores.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Impactos significativos da projetada mudança do clima e elevação de nível do mar são esperados para 2050-2080 nas áreas litorâneas da AL. A maioria da população, atividades econômicas e infraestrutura localizam-se próximo ao nível do mar e devem muito provavelmente sofrer inundação e erosão com altos impactos sobre as pessoas, recursos e atividades econômicas.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Quanto a turismo no litoral, os países mais impactados devem ser aqueles em que essa atividade seja significativa no PIB, onde o equilíbrio de pagamento e emprego é relativamente alto, e são ameaçados por tempestades e pela elevação do nível do mar, tais como o litoral caribenho da América Central e as praias da América do Sul e do Uruguai. Assim, a mudança do clima deve ser um desafio importante para todas nações da AL com litorais.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p style="font-weight: bold;" class="MsoNormal">Saúde humana</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Com o El Niño (seca/quente) há um risco de malária epidêmica em regiões litorâneas da Colômbia e Venezuela. As secas favorecem o desenvolvimento de epidemias na Colômbia e Guiana, enquanto a inundação gera epidemias na região litoral no norte do Perú. Variações anuais em febre hemorrágica de dengue em Honduras e na Nicarágua devem ser relacionadas às flutuações do clima (temperatura, umidade, radiação solar e chuva). Em algumas áreas litorâneas do Golfo do México, um aumento de temperatura de superfície de mar (SST), temperatura mínima e precipitação foi associada com um aumento de ciclos de transmissão de dengue.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">As avaliações regionais de impactos sobre a saúde devido a mudança do clima nas Américas mostram que os interesses principais são o estresse ao calor, malária, dengue, cólera e outras doenças ligadas a água. A malária continua a apresentar um risco sério de saúde na AL, onde 262 milhões de pessoas (31% da população) vivem em regiões subtropicais e tropicais com algum risco potencial de transmissão.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">A mudança de clima deve aumentar o risco de incêndios florestais. Em alguns países, fogos naturais e incêndios intencionais de florestas foram associados com o aumento de visitas de pacientes com doenças respiratórias e risco de aumento de problemas de respiração.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Perdas altamente raras de ozônio e aumentos de radiação UV-B que ocorreram em áreas de Punta Arenas (Chile) nas duas décadas passadas resultaram numa repetida exposição da população a um espectro solar alterado de UV capaz de produzir eritrema e fotocarcinogênese.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p style="font-weight: bold;" class="MsoNormal">Biodiversidade</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Sob a mudança futura do clima, há um risco de extinções significativas de espécies em muitas áreas de AL tropical. Desde 1980, aproximadamente 20% dos manguezais do mundo desapareceram (FAO, 2006) afetando a pesca. Nos recifes de corais da América Central há até 25 vezes mais peixe de algumas espécies em recifes próximos a áreas de mangue que em áreas onde os mangues já foram destruídos.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Corredores ecológicos entre áreas protegidas foram planejados para a manutenção da biodiversidade em ecossistemas naturais. Alguns destes, tal como o Corredor Biológico da América Central, foi implementado servindo também como medidas de adaptação.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Os esforços de conservação também deveriam ser dedicados à implementação de corredores de proteção contendo mangues, bancos de plantas marinhas, e recifes de corais que mantém a abundância de peixe em recifes, beneficiando comunidades de pesca de local, e contribuindo para o desenvolvimento sustentável. Outras práticas positivas na região são orientadas a manter e restaurar ecossistemas nativos, protegendo e aumentando os serviços (ecológicos) dos ecossistemas, <span style=""> </span>como a captura de carbono no Projeto de Ação do Clima do Mercado de Noel Kempff na Bolivia. A conservação da biodiversidade e a manutenção de estrutura e função de ecossistemas são importantes para estratégias de adaptação de mudança do clima devido à proteção de populações geneticamente diversas e ecossistemas ricos em espécies; um exemplo é a iniciativa de implementar medidas de adaptação em regiões altas de montanha na Colômbia e em outros países dos Andes. Uma nova opção de promover a conservação de florestas montanhosas consiste em compensar proprietários de florestas pelos seus serviços ao ambiente. A compensação é freqüentemente financiada por cobrar um preço pequeno sobre o uso das águas que foram originadas nas florestas. Tais esquemas estão sendo implementado em vários países de AL e foram testados na Costa Rica.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p style="font-weight: bold;" class="MsoNormal">Cenários</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Os cenários derivados de modelos do clima global (GCMs) são comumente olhados em escala detalhada usando abordagens estatísticas ou dinâmicas para gerar cenários regionais ou locais.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Os cenários de escala detalhada podem revelar fenômenos de menor escala associados com características topográficas ou sistemas meteorológicos e mudanças no uso da terra, mas, em geral, a incerteza associada aos diferentes GCMs é muito dominante nos cenários de escala detalhada. Estudos bem atuais de mudança do clima, no entanto, indicam que a freqüência na ocorrência de eventos extremos aumentará no futuro.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Medidas urgentes devem ser tomadas para ajudar em considerações sociais e do ambiente nas margens das estratégias de desenvolvimento, e esforços multidisciplinares importantes de pesquisa são exigidos para reduzir as lacunas de informação necessária para a formulação de decisão.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Se preparar para os desafios a essa mudança do clima impõe a região prioridades de pesquisa para resolver as limitações já identificadas e encarar a variabilidade atual de clima e as tendências, tal como: falta de consciência, de sistemas de observação confiáveis bem distribuídos, de sistemas de monitoramento adequados e capacidades técnicas, de investimentos e créditos para o desenvolvimento de uma infraestrutura em áreas rurais, de avaliações integradas, principalmente entre setores com estudos limitados sobre os impactos econômicos da presente e futura mudança do clima, e de estudos específicos dos impactos de mudança do clima nas sociedades, incluindo a falta de prioridades claras no tratamento de temas para a região como um todo.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Além do mais, outras prioridades considerando a mudança do clima são reduzir as incertezas em projeções futuras e avaliar os impactos de diferentes opções de políticas para reduzir a vulnerabilidade ou aumentar a capacidade de adaptação. Nós também devemos mudar a atitude de planejar para uma de implementação de sistemas eficientes de observação e alerta. Uma mudança necessária deverá ser migrar de uma cultura de resposta para uma cultura de prevenção.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Nota: Esta matéria foi adaptada de uma notícia emitida pelo Programa Ambiental da Organização das Nações Unidas. Este documento foi traduzido e adaptado do <a href="http://www.sciencedaily.com/releases/2007/04/070410135944.htm">ScienceDaily</a>.</p>ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-23722917974255356232007-04-10T17:08:00.000-03:002007-04-11T11:56:28.025-03:00Os números do nível do mar do IPCC<div class="storycontent"> <p>O aumento do nível do mar publicado no novo <a href="http://www.realclimate.org/index.php/archives/2007/02/the-ipcc-fourth-assessment-summary-for-policy-makers/">relatório do IPCC</a> (o Quarto Relatório de Avaliação, AR4) já tem causado confusão considerável. Muitos artigos da mídia sugerem que há boas notícias sobre a questão do nível do mar, com previsões muito menores de aumento do nível do mar comparadas às previsões do <a href="http://www.grida.no/climate/ipcc_tar/wg1/index.htm">relatório anterior do IPCC</a> (o Terceiro Relatório de Avaliação, TAR). Alguns artigos reportam que o IPCC reduziu a projeção para o aumento do nível do mar de 88 para 59 cm, enquanto outros dizem que tal projeção teria sido reduzida de 88 para 43 cm, e existem muitas outras versões também (veja <a href="http://www.realclimate.org/index.php/archives/2007/03/broad-irony/">"Ampla Ironia"</a>). Tais declarações são incorretas dado que o novo valor de até 59 cm não representa sequer toda a estória. Aqui tentarei clarear o que o IPCC de fato quer dizer e como esses números são derivados. (Mas caso prefira pular os detalhes, vá direto para <a href="http://www2.blogger.com/post-edit.g?blogID=2804726869192189131&postID=2372291797425535623#critique">a crítica</a> ou a <a href="http://www2.blogger.com/post-edit.g?blogID=2804726869192189131&postID=2372291797425535623#bottom_line">última linha</a>).<br /></p> <p><strong>O que o IPCC diz?</strong></p> <p>O <a href="http://www.ipcc.ch/SPM2feb07.pdf">Sumário para Tomadores de Decisão</a> (SPM) lançado no ultimo mês fornece a seguinte tabela de projeções para o aumento do nível do mar:</p> <table border="1" cellpadding="1" cellspacing="1"> <tbody><tr> <td><br /></td> <td> Aumento do Nível do Mar<br />(em metros para 2090-2099<br />relativo a 1980-1999)</td> </tr> <tr> <td>Caso</td> <td>Intervalo baseado em modelo<br />excetuando-se rápidas mudanças<br />futuras no fluxo de gelo</td> </tr> <tr> <td>Cenário B1 </td> <td>0.18 – 0.38 </td> </tr> <tr> <td>Cenário A1T </td> <td>0.20 – 0.45 </td> </tr> <tr> <td>Cenário B2 </td> <td>0.20 – 0.43 </td> </tr> <tr> <td>Cenário A1B </td> <td>0.21 – 0.48 </td> </tr> <tr> <td>Cenário A2 </td> <td>0.23 – 0.51 </td> </tr> <tr> <td>Cenário A1FI </td> <td>0.26 – 0.59 </td> </tr> </tbody></table> <p>É desta tabela que sai o usualmente citado intervalo de 18 a 59 cm. O texto que acompanha a tabela diz:</p> <blockquote><p>• Projeções baseadas em modelos da elevação do nível do mar no final do século XXI (2090-2099) são mostradas na Tabela SPM-3. Para cada cenário, o ponto médio do intervalo na Tabela SPM-3 situa-se dentro de 10% da média do modelo do TAR para 2090-2099. Os intervalos são mais estreitos que no TAR principalmente devido às melhorias na informação sobre algumas incertezas nas contribuições projetadas<sup>15</sup>. {10.6}.</p> <p><small>nota de rodapé 15: As pojeções no TAR foram feitas para 2100, enquanto que as projeções desse relatório são para 2090-2099. O TAR deveria apresentar intervalos similares aos da Tabela SPM-3 se as incertezas tivessem sido tratadas da mesma maneira.</small></p> <p>• Os modelos atuais não incluem incertezas do feedback climático do ciclo do carbono e tão pouco incluem efeitos completos das mudanças dos fluxos das placas de gelo, dado que ainda faltam fundamentos publicados na literatura. As projeções incluem uma contribuição devido ao aumento do fluxo de gelo da Groenlândia e Antártica em taxas observadas para 1993-2003, mas tais taxas de fluxo poderiam aumentar ou diminuir no futuro. Por exemplo, se essa contribuição crescer linearmente com a mudança da temperatura média global, os intervalos superiores da elevação do nível do mar nos cenários SRES (Relatório Especial dos Cenários de Emissão do IPCC) mostrados na Tabela SPM-3 deveriam aumentar em 0.1 m a 0.2 m. Valores maiores não podem ser excluídos, mas o conhecimento desses efeitos é muito limitado para avaliar suas probabilidades ou fornecer uma melhor estimativa ou um limite superior para o aumento do nível do mar. {10.6}</p> <p>• Se a forçante radiativa fosse estabilizar em 2100 em níveis estimados no cenário A1B, a expansão térmica somente levaria a um aumento do nível do mar de 0.3 a 0.8 m em 2300 (relativo a 1980–1999). A expansão térmica continuaria por muitos séculos, devido ao tempo requerido para transportar calor para o oceano profundo. {10.7}</p> <p>• A contração da camada de gelo da Groenlândia é projetada a continuar contribuindo para o aumento do nível o mar após 2100. Os modelos atuais sugerem que um aumento da perda de massa de gelo com a temperatura seria mais rápido do que um ganho de massa de gelo com a precipitação, e que o balanço de massa da superfície tornaria-se negativo sob um aquecimento global médio (relativo aos valores pré-industriais) excedendo 1.9 a 4.6°C. Se um balanço negativo de massa da superfície fosse sutentado por milênios, isso levaria a uma eliminação virtualmente completa da cobertura de gelo da Groenlândia e uma contribuição resultante do aumento do nível do mar ao redor de 7 m. As temperaturas futuras correspondentes na Groenlândia são comparáveis àquelas inferidas para o último período interglacial há 125 mil anos atrás, quando as informações paleoclimáticas sugerem uma redução da extensão de gelo polar e um aumento do nível do mar de 4 a 6 m. {6.4, 10.7}</p> <p>• Processos dinâmicos relacionados o fluxo de gelo não incluídos nos modelos atuais mas sugeridos por recentes observações poderia aumentar a vulnerabilidade das placas de gelo ao aquecimento, aumentando a elevação do nível do mar no futuro. A compreensão desses processos é limitada e não há consenso sobre sua magnitude. {4.6, 10.7}</p> <p>• Estudos atuais de modelos globais projetam que a camada de gelo Antártica pode permanecer muito fria para um amplo derretimento superficial e espera-se um ganho de massa devido a um aumento de queda de neve. Contudo, uma perda líquida de gelo poderia ocorrer se uma descarga dinâmica de gelo dominar o balanço de massa da camada de gelo. {10.7}</p> <p>• Ambas as emissões antropogênicas passadas e futuras de dióxido de carbono deverão continuar a contribuir no aquecimento e na elevação do nível do mar por mais de um milênio, por conta da escala de tempo requerida para a remoção desse gás da atmosfera. {7.3, 10.3}</p></blockquote> <p>(Os itens acima documentam tudo que o SPM diz sobre o futuro da elevação do nível do mar. Os números entre chaves refem-se aos capítulos do relatório completo a ser divulgado em maio.)</p> <p><strong>O que está incluso nesses números de nível do mar?</strong></p> <p>Vamos olhar como esses números são derivados. Eles são constituídos de quatro componentes: expansão térmica, geleiras e camadas de gelo (excetuando-se as capas de gelo da Groenlândia e Antártica), balanço de massa de placas de gelo superficiais, e o desbalanço dinâmico das placas de gelo.</p> <p>1. Expansão térmica (água oceânica mais quente ocupa maior espaço) é computada de modelos climáticos acoplados. Esses incluem modelos de circulação oceânica e podem assim estimar onde e quão rápido o aquecimento superficial penetra nos oceanos profundos.</p> <p>2. A contribuição de geleiras e camadas de gelo (não incluindo Groenlândia e Antártica), por sua vez, é computada de uma simples formulação empírica que liga a temperatura média global à perda de massa (equivalente a uma taxa de elevação do nível do mar), baseada em dados observados entre 1963 e 2003. Tal formulação considera que as geleiras desaparecem vagarosamente e conseqüentemente param de contribuir – a quantidade total de geleiras remanecente seria suficiente para elevar o nível do mar em 15-37 cm.</p> <p>3. A contribuição das duas maiores coberturas de gelo é dividida em duas partes. O que é chamado de balanço de massa superficial se refere simplesmente a queda de neve menos a ablação de gelo superficial (que é o derretimento somado à sublimação). Este é computado por um modelo de balanço de massa de placa de gelo superficial, com as quantidades de queda de neve e temperaturas derivados de um modelo de alta resolução da circulação atmosférica. Este cálculo não é o mesmo dos modelos acoplados usados nas projeções de temperatura do IPCC, de modo que os resultados desse modelo são ajustados para mimetizar diferentes modelos acoplados e diferentes cenários climáticos. (Um importante detalhe: esse balanço de massa superficial inclui algumas mudanças “morosas” no fluxo de gelo, mas essa é uma pequena contribuição.)</p> <p>4. Finalmente, existe um outro modo pelo qual as placas de gelo podem contribuir para a elevação do nível do mar: ao invés de derreterem na superfície, podem começar a fluir mais rapidamente. Isso vem sendo observado com freqüência ao redor das bordas da Groenlândia e Antártica em anos recentes: saídas de geleiras e rios de gelo que drenam as placas de gelo têm aumentado suas vazões. Numerosos processos contribuem para isso, incluindo a remoção de conchas de gelo (i.e., gelos que flutuam sobre a água ancoradas em ilhas ou rochas submersas) ou a erosão da base da placa de gelo por água líquida fluindo pela superfície através de falhas no gelo. Tais processos não podem ainda ser <a href="http://www.realclimate.org/index.php/archives/2006/06/ice-sheets-and-sea-level-rise-model-failure-is-the-key-issue/">adequadamente modelados</a>, mas as observações sugerem que eles têm contribuído com 0 – 0.7 mm/ano para a elevação do nível do mar no período 1993-2003. As projeções na dada tabela assumem que tal contribuição simplesmente se mantém constante até o fim deste século.</p> <p>Por exemplo, tome o cenário A1FI – este é o mais quente e por isso define os limites superiores do intervalo do nível do mar. A “melhor” estimativa desse cenário é 28 cm para a expansão térmica, 12 cm para as geleiras e -3 cm para o balanço de massa das placas de gelo – note que o IPCC ainda assume que a Antártica ganha mais massa através desse modo do que a Groenlândia perde. Adicionado a isso há um termo de acordo com (4) simplesmente baseado na premissa de que o acelerado fluxo de gelo observado em 1993-2003 se mantém sempre constante, adicionando outros 3 cm em 2095. No total, isso totaliza até 40 cm, com uma contribuição nula das placas de gelo. (Outro ponto importante: Isso representa um pouco menos do que a estimativa central de 43 cm para o cenário A1FI que foi divulgado na mídia, tirado dos primeiros rascunhos do SPM, pois estes 43 cm não eram a soma das melhores estimativas individuais para os diferentes fatores contribuintes, mas, ao contrário, era um ponto médio do intervalo das incertezas, o qual é um pouco maior quando algumas incertezas são tomadas com valores mais altos.)</p> <p><strong>Como esses números se comparam com o relatório anterior?</strong></p> <p><a href="http://www.realclimate.org/images/sealevel_1.jpg" target="_blank"><img src="http://www.realclimate.org/images/sealevel_1.jpg" width="80%" /></a><br /><em>Elevação do nível do mar como verificado em <a href="http://www.agu.org/pubs/crossref/2006.../2005GL024826.shtml">Church e White 2006</a> mostrado em vermelho até o ano de 2001, junto com os cenários do IPCC (2001) para 1990-2100. Veja a segunda figura abaixo para um zoom no período de sobreposição.</em></p> <p>O TAR mostrou curvas de elevação de nível do mar para uma gama de cenários de emissão (mostrada na Figura acima junto com novos dados obervacionais de <a href="http://www.agu.org/pubs/crossref/2006.../2005GL024826.shtml">Church e White 2006</a>). Essa gama foi baseada em simulações com um modelo simples (o modelo MAGICC) ajustado para mimetizar o comportamento de uma gama de diferentes modelos climáticos complexos (por exemplo em termos de diferentes sensibilidades climáticas variando de 1.7 a 4.2 ºC), combinado com equações simples para um glacial e balanços de massa de placa de gelo (“esquema graus-dias”). Este intervalo baseado em modelo é mostrado como uma banda verde (legendada como “Several models all SRES envelope” na <a href="http://www.grida.no/climate/ipcc_tar/wg1/figspm-5.htm">Figura 5</a> original do TAR SPM) e variou de 21 a 70 cm, enquanto que a estimativa central para cada cenário de emissão é mostrada como uma linha tracejada colorida. A maior estimativa central da elevação do nível do mar foi para o cenário A1FI (cor púrpura, 49 cm).</p><p>Ainda mais, as curvas tracejadas em cinza indicam incertezas adicionais no comportamento das placas de gelo. Tais linhas foram legendadas como “All SRES envelope including land ice uncertainty” no TAR SPM e ampliou o intervalo até 88 cm, adicionando 18 cm no limite superior. É preciso procurar minuciosamente no apêndice do Capítulo 11 do TAR para encontrar o que esses 18 cm extras representam: eles incluem uma “incerteza no balanço de massa” e uma “incerteza de dinâmica de gelo”, onde o último é meramente assumido como 10% da perda de massa total computada para a placa de gelo da Groenlândia. Note que tal incerteza na dinâmica de gelo foi somente incluída para a Groenlândia mas não para a Antártica; instabilidade da Placa de Gelo Oeste da Antártica, um cenário considerado “muito improvável” no TAR, foi explicitamente não incluído no limite superior de 88 cm.</p> <p>Como mencionamos em nossa <a href="http://www.realclimate.org/index.php/archives/2007/02/the-ipcc-fourth-assessment-summary-for-policy-makers/">postagem sobre a divulgação do SPM</a>, seria comparar maçãs e laranjas ao dizer que o IPCC reduziu o limite superior do nível do mar de 88 cm para 59 cm, a medida em que o primeiro incluiu “a incerteza da dinâmica do gelo” (muito embora somente para a Groenlândia, pois mudanças rápidas do fluxo de gelo na Antártica foram consideradas muito improváveis para preocupar naquele tempo), enquanto que o segundo discute essa incerteza do fluxo de gelo separadamente no texo, declarando que isso poderia adicionar 10 cm, 20 cm ou ainda mais aos 59 cm da tabela.</p> <p>Assim seria melhor comparar o intervalo baseado em modelo de 21 - 70 cm do TAR com o 18 - 59 cm do AR4? Mesmo isso seria comparar maçãs com laranjas. Para um, o TAR cita a elevação até o ano 2100, o AR4 até o período 2090-2099, assim faltam os últimos cinco anos (ou 5.5 anos, mas não sejamos pedantes) da elevação do nível do mar. Para 2095, a projeção do TAR reduz de 70 cm para 65 cm (a estimativa central para o cenário A1FI reduz de 49 cm para 46 cm). Também, o intervalo do TAR é um intervalo de 95% de confiança, já o intervalo AR4 é mais estreito para um intervalo de confiança de 90%. Dados os números do TAR também como intervalos de 90% remove outros 3 cm do limite superior final. </p> <p>Parece complicado? Existem outras diferenças mais técnicas... mas irei poupar-lhes disso. A reunião de Paris do IPCC já discutiu o pedido de alguns delegados de fornecer uma comparação direta dos números do AR4 e do TAR, mas desistiram de fazer isso detalhadamente por ser muito complicado. O resultado foi duas declarações:</p> <blockquote><p>O TAR deveria ter intervalos similares aos da Tabela SPM-3 se ele tivesse tratado as incertezas da mesma maneira.</p></blockquote> <p>e</p> <blockquote><p>Para cada cenário, o ponto médio do intervalo na Tabela SPM-3 está dentro de 10% da média do modelo TAR para 2090-2099.</p></blockquote> <p>(Na verdade, foi dito aos delegados pelos autores do IPCC em Paris que com os novos modelos AR4, as estimativas centrais de cada cenário seriam um pouco <em>maiores</em> que aquelas dos velhos modelos, se os números são reportados de forma comparável.)</p> <p>A última linha mostra então que os métodos têm sido significativamente melhorados (razão por detrás de todos essas mudanças metodológicas), mas a expectativa de quanto o nível do mar irá subir no século que virá não mudou muito. A maior mudança é que a dinâmica das placas de gelo parecem mais incertas agora que no tempo do TAR, que é a razão para que esta incerteza não seja mais inclusa nos intervalos citados, mas sim discutida separadamente no texto.</p> <p><a name="critique"><strong>Crítica - Poderiam esses números subestimar a futura elevação do nível do mar?</strong></a></p> <p>Existem várias discussões importantes sobre os números do nível do mar.</p> <p>O primeiro é o tratamento das mudanças rápidas potenciais no fluxo de gelo (item 4 da lista acima). O AR4 aponta que as placas de gelo têm <a href="http://www.realclimate.org/index.php/archives/2006/03/catastrophic-sea-level-rise-more-evidence-from-the-ice-sheets/">recentemente perdido massa</a> (o período de análise é 1993-2003). A Groenlândia tem contribuído com +0.14 a +0.28 mm/ano para a elevação do nível do mar sobre esse período, enquanto que para a Antártica a incerteza varia de -0.14 a +0.55 mm/ano. É observado que a perda de massa da Antártica é predominante ou inteiramente devido às recentes mudanças do fluxo de gelo. A questão então é: Quanto esse processo irá contribuir para o futuro da elevação do nível do mar? A resposta honesta é: nós não sabemos. Como o SPM declara, pelo ano 2095 poderia ser 10 cm. Ou 20 cm. Ou mais. Ou menos. </p> <p>O IPCC incluiu <em>uma </em> suposição no 'intervalo baseado em modelo' dado na tabela: tal suposição toma metade da perda de massa da Groenlândia e toda a perda de massa Antártica para 1993-2003, e assume que as perdas se manteriam sempre constantes até 2100. Essa permissa na minha visão não tem embasamento científico, pois o fluxo de gelo é quase que certamente muito variável no tempo. O relatório por si só declara que tal perda de gelo seja devida a uma aceleração recente do fluxo, e que em 2005 já era bastante alta, e no futuro os números poderiam ser várias vezes maior – ou poderiam ser menores. Incluindo um número fundamentalmente deficiente no intervalo 'baseado em modelo' degrada estimativas muito mais confiáveis para a expansão térmica, geleiras de montanhas e balanço de massa. Ainda pior: para os números com estimativas de erro, é adicionado um número sem uma estimativa apropriada de erro (a incerteza observada para 1993-2003 é incluída, mas quem asseguraria que esta seja válida para futuras mudanças no fluxo de gelo?). E então são apresentadas somente as margens de erro combinadas – você pode notar que nenhuma estimativa central é fornecida na tabela acima. Se eu tivesse apresentado isso como um erro de cálculo numa lição de casa no primeiro semestre de física, duvido que eu conseguiria escapar disso. A delegação alemã em Paris (da qual sou membro) então sugeriu tirar a estimativa do fluxo de gelo do intervalo tabulado. Os números se tornariam um pouco menores, mas esta abordagem não mesclaria níveis muito diferentes de incerteza, e ficaria claro o que estaria incluso na tabela e o que não estaria (as mudanças de fluxo de gelo), ao invés de tentar incluir parcialmente mudanças nos fluxos de gelo. Tais mudanças teriam sido discutidas no texto – dizendo que nas taxas de 1993-2003, tal termo poderia contribuir com 3 cm em 2095, mas esse valor poderia mudar para 10 cm ou 20 cm ou mais. Todavia, não encotramos nenhum suporte para esta proposta, a qual não teria mudado a Ciència de maneira alguma, mas melhorado a claridade da apresentação. </p> <p>Como está agora, devido à forma complexa e obscura da combinação dos erros, até mesmo eu não poderia dizer por quanto o limite superior de 59 cm seria reduzido se a questionável estimativa fosse removida, e uma das razões para que os autores do IPCC não adotassem nossa proposta foi a de que os números não poderiam ser calculados rapidamente.</p> <p>Um segundo problema com o intervalo acima é que os modelos usados para derivar as projeções subestimam significativamente a elevação do nível do mar em tempos pretéritos. Tentamos em vão fazer isso ser mencionado no SPM, de modo que você teria que ir ao relatório principal para encontrar essa informação. O AR4 declara que para o período 1961-2003, os modelos sobre as médias fornece uma elevação de 1.2 mm/ano, enquanto que os dados mostram 1.8 mm/ano, i.e. um crescimento 50% mais rápido. E isto sem considerar a taxa de perda de placa de gelo (0.19 mm/ano) nos números 'modelados' nesta comparação. Se assim fosse, a discrepância seria ainda maior – os modelos de placa de gelo prevèm que as placas de gelo ganhariam massa em função do aquecimento global. A comparação parece um pouco melhor no período de 1993-2003, para o qual os modelos fornecem uma elevação de 2.6 mm/ano enquanto os dados fornecem 3.1 mm/ano. Mas de novo as estimativas de 'modelos' incluem uma observada perda de massa de gelo de 0.41 mm/ano enquanto os modelos de placas de gelo fornecem um ganho de massa de 0.1 mm/ano para esse período; considerando isso, a elevação observada é de novo 50% mais rápida do que as melhores estimativas de modelos para esse período. Esta subestimativa persiste dos modelos do TAR (veja <a href="http://www.sciencemag.org/cgi/content/abstract/1136843v1?maxtoshow=&HITS=10&hits=10&RESULTFORMAT=&fulltext=rahmstorf&searchid=1&FIRSTINDEX=0&resourcetype=HWCIT">Rahmstorf et al. 2007</a> e Figura abaixo) – isso não é uma surpresa, desde que os novos modelos dão essencialmente os mesmos resultados dos modelos antigos, como discutido acima. </p> <p><a href="http://www.realclimate.org/images/sealevel_2.jpg" target="_blank"><img src="http://www.realclimate.org/images/sealevel_2.jpg" width="80%" /></a><br /><em>Comparação dos cenários do nível do mar do IPCC 2001 (com início em 1990) e dados observados: os dados de Church e White (2006) baseiam-se primariamente em estações de medição de maré (anual em vermelho) e dados de satélite altímetro (atualizado de <a href="http://www.agu.org/pubs/crossref/2004.../2003RG000139.shtml">Cazenave e Nerem 2004</a>, dados espaçados de 3 meses, em azul, até meados de 2006) são mostrados com suas linhas de tendência. Note que a tendência de elevação do nível do mar segue a linha tracejada mais superior dos cenários do IPCC, exatamente aquela nomeada "incluindo a incerteza de gelo terrestre", veja a primeira figura.</em></p> <p>Nós então vemos que o nível do mar parece estar subindo cerca de 50% mais rápido que os modelos sugerem - consistentemente para os períodos de 1961-2003 e 1993-2003, e para os modelos TAR e AR4. Isso pode ter diversas razões, e a discrepância poderia ser considerada insignificante dados os intervalos de erros das obervações e modelos. Não há provas de que os modelos subestimam a elevação o nível do mar. Mas há no mínimo uma possibilidade plausível de que os modelos possam subestimar a elevação futura.</p> <p>Uma terceira questão de importância diz respeito ao feedback do ciclo do carbono. As projeções de temperatura fornecidas na tabela SPM-3 do Sumário para Tomadores de Decisão variam de 1.1 a 6.4 ºC de aquecimento e inclui o feedback do ciclo do carbono. A variação do nível do mar, contudo, é baseada em cenários que excluem esse feedback e assim variam somente até <s>4.5</s> 5.2 ºC. Isso poderia facilmente ser mal interpretado, pois na tabela SPM-3 os intervalos de temperatura que incluem o feedback do ciclo do carbono são mostrados ao lado dos intervalos do nível do mar, mas esses últimos na verdade aplicam-se a um menor intervalo de temperatura. Como uma estimativa grosseira, sugiro que para um cenário de aquecimento de 6.4 ºC, da ordem de <s>20</s> 15 cm deveria ser adicionado aos 59 cm para definir o limite superior do intervalo de elevação do nível do mar.</p> <p>Um ponto final seria os aspectos regionais. Gerentes de planejamento de zonas costeiras precisam ter conciência que a elevação do nível do mar não será a mesma em todos os lugares. O AR4 mostra um mapa de mudanças regionais do nível do mar, o qual mostra que por exemplo a costa européia pode esperar uma elevação de 5-15 cm a mais que a média global de elevação – isso é uma média de modelo, não incluindo a incerteza do intervalo. O padrão nesse mapa é marcadamente similar ao que seria esperado de uma desaceleração da na circulação termohalina (veja <a href="http://www.pik-potsdam.de/%7Estefan/Publications/Journals/levermann_etal_climdyn_2005.pdf">Levermann et al. 2005</a>) de modo que provavelmente a elevação seja dominada por esse efeito. Além disso, algumas áreas terrestres estão surgindo e outras desaparecendo em resposta ao final da última era glacial ou devido à processos antropogênicos locais (como o uso de águas subterrâneas), os quais os gerentes e tomadores de decisão devem também considerar.</p> <p><a name="bottom_line"><strong>A última linha</strong></a></p> <p>A principal conclusão dessa análise é que a incerteza do nível do mar não é menor agora que na época do TAR, e citar o intervalo de 18-59 cm para a elevação do nível do mar, como muitos artigos da mídia têm feito, não representa toda a estória. 59 cm não é infortunadamente o “pior caso”. Ele não inclui toda a incerteza das placas de gelo, a qual deveria adicionar 20 cm ou mais. Ele não cobre totalmente o 'provável' intervalo de temperatura dado no AR4 (até 6.4 ºC) – correções nesse sentido poderiam adicionar novamente cerca de <s>20</s> 15 cm. Ele não considera o fato de que a elevação passada do nível do mar seja subestimada pelos modelos por razões que são pouco claras. Considerando essas questões, uma elevação do nível do mar que exceda um metro pode, no meu ponto de vista, de modo algum ser descartada. Numa <a href="http://www.pik-potsdam.de/%7Estefan/Publications/Nature/rahmstorf_science_2007.pdf">análise muito diferente</a>, baseada somente numa simples correlação da elevação do nível do mar e temperatura, eu cheguei a uma conclusão similar. Como citado nesse paper, meu ponto aqui <em>não </em> é que eu tenha previsto que o nível do mar será maior que o IPCC sugere, ou que as estimativas do IPCC para a elevação do nível do mar não estejam corretas. Meu ponto é que em termos de análise de risco, o intervalo de incerteza que alguém precisa considerar é na minha visão substancialmente maior que os 18-59 cm.</p> <p>Um pensamento final: esta discussão tem sido sobre a elevação do nível do mar até o ano de 2095. E tal elevação não termina nesse ano, como mostra a citação do SPM no início desse artigo. Ao longo de muitos séculos, sem esforços sérios de mitigação podemos esperar muitos metros de elevação dos oceanos. O <a href="http://www.wbgu.de/wbgu_home_engl.html">Conselho Consultivo em Mudança Global</a> do governo alemão (elucidando: sou membro desse conselho) em seu <a href="http://www.wbgu.de/wbgu_sn2006_en.html">recente relatório especial sobre oceanos</a> tem proposto limitar a elevação do nível do mar a um máximo de um metro, como sendo uma meta a guiar a política climática. Mas isso é uma outra estória .</p> <p><strong>Atualização:</strong> Fui recém informado por um dos autores do IPCC que os cenários de intervalo de temperatura sem o feedback do ciclo do carbono varia até 5.2 ºC, e não 4.5 ºC como pensava. Este número não é encontrado no relatório do IPCC; tentei interpretá-lo de um gráfico, mas não exato o suficiente. Minhas desculpas! Os números no texto acima devem ser corrigidos e estão marcados.</p><p>Fonte: <a href="http://www.realclimate.org/">RealClimate</a></p> </div>ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2804726869192189131.post-72698370480429800622007-04-06T19:12:00.000-03:002007-04-06T19:27:08.540-03:00Carlos A. Nobre: Brasileiros Têm de Agir Sobre AquecimentoNo dia em que cientistas em Bruxelas divulgam o relatório do IPCC sobre as conseqüências das mudanças climáticas, com previsões sobrias para o futuro, destacamos trechos de uma importante <a href="http://lba.cptec.inpe.br/lba/site/?p=oportunidade&t=0&s=6&lg=&op=1256">entrevista</a> concedida ao <a href="http://g1.globo.com/">Portal G1</a>, pelo climatologista Carlos A. Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais:<br /><br />- <span style="font-style: italic;">O senhor comentou que reduzir as emissões é uma obrigação de todos os países. As nações emergentes, como o Brasil, estão até agora relutantes em falar de reduções obrigatórias, isso é uma coisa até agora só exigida de países ricos. Por quanto tempo isso vai se manter?</span><br /><br />Por muito pouco tempo. Não há como, pelo menos no nível de decisão política internacional, os países em desenvolvimento, principalmente aqueles que emitem muito (notadamente a China, a Índia, em terceiro lugar o Brasil, por causa dos desmatamentos na Amazônia, e mais México, África do Sul e Coréia do Sul), ficarem fora da discussão e de alguns compromissos. A Convenção do Clima é muito clara ao dizer que a responsabilidade é de todos, porém ela deve ser exercida de forma diferenciada de acordo com as possibilidades de cada país. Foi por isso que foi criado o chamado Anexo 2, que inclui os países em desenvolvimento e que não têm responsabilidade histórica porque não são os países que mais emitiram gases nos últimos 200 anos. Isso é muito claro, mas nos próximos anos certamente os países em desenvolvimento terão que assumir compromissos. E não estão claros quais serão esses compromissos. É claro que por não terem a responsabilidade histórica, não poderá ser cobrado dos países em desenvolvimento o mesmo corte que se cobra já dos países desenvolvidos. Agora alguma forma de compromisso, alguma forma de participação mundial, vai se tornar inevitável. Não há como imaginar que os países desenvolvidos fazem a lição de casa, reduzem em 50%, 60% as emissões, e os países em desenvolvimento continuam aumentando as suas emissões. O resultado final disso seria um planeta insustentável. Como fazer os países em desenvolvimento participarem é um grande desafio político que temos para resolver nos próximos anos, talvez na próxima década.<br /><br />- <span style="font-style: italic;">Falando sobre as responsabilidades do Brasil, uma pesquisa recente revelou que os brasileiros, ao lado exatamente dos chineses, são o povo mais consciente dos problemas do aquecimento global. Ainda assim, como senhor mesmo lembrou, o Brasil é dos países que mais polui, devido às queimadas na Amazônia. O que precisa mudar para o brasileiro sair dessa preocupação no campo das idéias e partir para uma ação prática?</span><br /><br />Um aspecto muito profundo, cultural, muito mais amplo que só a questão ambiental do aquecimento, que é um aprofundamento no nível da alma da cultura da democracia. O brasileiro é extremamente consciente dos perigos da perturbação ambiental, sejam as queimadas, seja o aquecimento global. A mídia brasileira tem desempenhado um papel muito importante de educação, de trazer essa questão ao debate. Mas o brasileiro tem um sentimento enorme de impotência, como ser individual. Impotência frente aos poderes, impotência frente aos governos. E isso não é da questão ambiental, isso é geral. Falta um aprofundamento democrático, que é uma transformação cultural que não é simples. Nós estamos vendo a dificuldade que é fazê-la no Brasil, nós já estamos respirando democracia desde 1985 e a população ainda não se sente dona de seu próprio destino. Eu não consigo perceber em qual escala de tempo o brasileiro vai conseguir se sentir dono de seu destino e tomar atitudes condizentes com isso. Por exemplo, para reduzir o desmatamento, é muito importante que não se compre nenhum produto da Amazônia que tenha origem em áreas ilegais ou atividades clandestinas. O brasileiro precisa se tornar um consumidor responsável, com interesse na origem dos produtos que adquire. E é uma porcentagem muito pequena da população brasileira que faz isso.ClimaGaiahttp://www.blogger.com/profile/03905141029057899688noreply@blogger.com0