A magnitude das emissões de gases de efeito estufa (GEE) já realizadas tornam as mudanças climáticas inevitáveis. Diante deste fato, a idéia de adaptação, de agir sobre as conseqüências das mudanças do clima, ao invés de simplesmente mitigar ou atuar sobre as causas, está deixando de ser um tabu entre os ambientalistas. A revista Nature recentemente publicou um comentário sobre o assunto, escrito por Roger Pielke Jr, Gwyn Prins e Daniel Sarewitz, em seu número especial sobre o último relatório do IPCC.
Neste comentário, coloca-se claramente a necessidade dos formuladores de políticas públicas de entenderem as limitações das estratégias de mitigação para redução das vulnerabilidades, e de dar com urgência atenção a políticas de adaptação (melhor administração das zonas costeiras e dos recursos hídricos, por exemplo). Estas políticas devem buscar aumentar a resiliência da sociedade aos impactos climáticos futuros, independente se suas causas estão ligadas às emissões de GEE ou não. Definir adaptação como o custo de uma mitigação mal feita equivale a expor milhões de pessoas pobres, em ecosistemas comprometidos, aos mesmos perigos que as políticas para o clima tentam evitar.
No entanto, definir adaptação em termos de desenvolvimento sustentável adapta-se mal à atual estrutura política, que nos últimos 15 anos concentrou um enorme esforço intelectual, diplomático e financeiro em mitigação, ao mesmo tempo em que minimizava a importância da adaptação. Até que a adaptação seja institucionalizada num nível de intensidade e de investimento ao menos igual a de estruturas como UNFCC e o Protocolo de Kyoto, os impactos climáticos vão continuar a crescer, mesmo em face dos mais otimistas cenários de redução de emissões de GEE.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário