quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Reportagem sobre o Clima na Physics World

PhysicsWorld cover, Volume 20, no. 2, February 2007 A edição de fevereiro de 2007 da PhysicsWorld contém vários artigos relevantes em ciências do clima, com um artigo principal em modelagem climática escrito por Adam Scaife, Chris Folland e John Mitchell, um texto de Richard Lindzen, bem como um artigo sobre geoengenharia na seção 'News & Analyses'. A revista também contém um artigo (Vivendo na Estufa, 'Living in the greenhouse') na seção 'Lateral Thoughts' que traz consigo um apanhado de possíveis analogias para um amplo leque de tópicos completamente não relacionados ao efeito estufa num sentido técnico, e um comentário editorial 'Tópico Quente', argumentando que seria um erro da PhysicsWorld ignorar outros estudos que não seguem a linha consensual. Para ser mais preciso, o comentário editorial devota algumas linhas justificando o texto de Lindzen e a notícia sobre geoengenharia, com uma referência à citação de Feynman: "Não existe dano em dúvida e ceticismo, pois é através desses que novas descobertas são feitas". Sábias palavras! No entanto, Eu não posso resistir de fazer algumas reflexões.

Um pensamento que imediatamente surgiu foi: A PhysicsWorld tentou fazer 'notícia equilibrada', ou a questão sobre dúvida e ceticismo por elas próprias merecem o texto? Serão o ceticismo ou a dúvida realmente genuínos (a dúvida seria o produto)? Para ser justo, o artigo traz objeções contra alguns argumentos de Lindzen (citando Gavin). Todavia, gostaria de ver um artigo mais consistente e crítico uma vez que os argumentos de Lindzen - ao menos o modo como eles foram ecoados na PhysicsWorld - são em minha opinião inconsistentes.

Aqui está um exemplo: tome a controvertida citação de Lindzen de que a boa concordância entre a evolução das temperaturas modeladas e históricas é um exercício de "ajuste de curva". Escrita nas entrelinhas há a premissa de que os modelos climáticos são dirigidos por forçantes baseadas nas emissões históricas de gases de efeito estufa (GEE). Mais adiante no artigo, Lindzen argumenta que os modelos climáticos usados pelo IPCC são muito sensíveis às mudanças de concentração atmosférica de CO2. Para mim, estas duas declarações dizem coisas opostas - e estão, assim, violando uma a outra. Isso porque ou os modelos fornecem uma boa descrição da evolução histórica ou não, dadas as passadas emissões de GEE e de aerosóis e as forçantes naturais (certamente, Lindzen deveria saber dessas simulações).

Então, por quê a revista não perguntou questões críticas sobre essas visões conflitivas, ou ao menos comentou onde parecia haver falta de lógica? Ou, talvez Lindzen fundamenta suas idéas em outros aspectos de avaliação de modelos? Lindzen argumenta que o efeito do CO2 sobre a temperatura é pequeno pois o efeito de moléculas adicionais de CO2 diminuem a medida em que a concentracão aumenta, mas ao mesmo tempo, Lindzen parece também esquecer - por um breve momento - todos os feedbacks que podem amplificar o aquecimento. Gavin o confunde com uma objeção sobre um ponto diferente - só que Lindzen não considerou o atraso de resposta apropriadamente, por exemplo, devido à inércia térmica do oceano. No parágrafo seguinte, entretanto, Lindzen mantém que os modelos climáticos não replicam os mecanismos de feedback no sistema climático, e posteriormente se refere a sua hipótese, o 'efeito íris', o qual de certo modo foi sepultado pela comunidade científica.

Gavin faz essa observação no artigo (veja também um argumento para o porque disso estar errado), mas um último pensamento que surgiu em mim é que Lindzen não deva provavelmente ser melhor em calcular efeitos de feedback em sua cabeça do que os modelos climáticos.

fonte: RealClimate

Um comentário:

Anônimo disse...

Para termos visão sobre o aquecimento, os meios mais interessantes e ou mais eficazes, seria ter direito de ser televisionado e até mesmo publicado todos os dias em jornais como um alerta as pessoas que não sabem do assunto, talvez assim poderiamos ajudar de alguma forma.