Dois estudos interessantes, publicados em números recentes da revista Geophysical Research Letters, abordam a questão dos possíveis impactos das mudanças climáticas nos oceanos. O primeiro, publicado em 06 de março de 2007, diz respeito à desaceleração das correntes oceânicas devido ao aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEE). A taxa de formação da água profunda do Atlântico Norte (em inglês, North Atlantic Deep Water - NADW) e da água de profundidade intermediária do Mar de Labrador (intermediate-depth Labrador Sea Water - LSW) controla de perto a intensidade da circulação de reversão do Atlântico meridional (Atlantic meridional overturning circulation -AMOC) e, consequentemente, a circulação global de calor nos oceanos. Através de complexos modelos de circulação oceano-atmosfera, buscou-se no passado observar se o aquecimento global, devido ao aumento das concentrações de GEE, iria derreter as calotas glaciais e introduzir água doce no Atlântico Norte, desacelerando assim a formação da NADW e da LSW.
Weaver et al. (2007) rodaram diversos modelos com diferentes condições iniciais e constataram que a intensidade da AMOC sempre declina quando os GEE aumentam de 1% ao ano, com as maiores diminuições ocorrendo naquelas simulações com a AMOC com maior intensidade inicial. Além disso, eles confirmaram que são as variações no fluxo superficial de calor, e não as flutuações no fluxo superficial de água doce (isto é, aumento da precipitação, evaporação e descarga de rios), que desaceleram a AMOC, um resultado sugerido em estudos anteriores. Finalmente, os autores observaram que seus modelos são fortemente influenciados por retroalimentações (feedbacks) do vapor d’água e neve/gelo e, portanto, são sensíveis às condições climáticas médias.
O segundo estudo, publicado em 09 de março de 2007, quantifica o grau de acidificação dos oceanos em razão da maior queima de combustíveis fósseis. Os oceanos têm um papel determinante na captura de dióxido de carbono (CO2) de origem antropogênica, ajudando portanto a moderar mudanças climáticas futuras. Entretanto, a adição de CO2 nos oceanos aumenta sua acidez (diminuição do pH), representando uma ameaça a vários organismos marinhos e a seus predadores.
Cao et al. (2007) buscaram quantificar o efeito das mudanças climáticas na acidez dos oceanos e nos níveis de saturação dos carbonatos de cálcio que formam as conchas e os esqueletos de diversos organismos marinhos. Utilizando um modelo do sistema terrestre, eles encontraram que o pH dos oceanos vai se reduzir de 0.31 unidades ao final deste século se a concentração de CO2 se estabilizar na atmosfera em 1000 partes por milhão (ppm). Este aumento na acidez ocorreu nas simulações independentemente dos cenários de aumento de temperatura devido ao aquecimento global.
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